Diplomacia

Rússia e Irã se unem ante o Ocidente por programa nuclear de Teerã

O Irã sempre negou o desejo de desenvolver uma bomba atômica, algo pelo qual o país é acusado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu

Rússia e Irã demonstraram união nesta terça-feira (13/4) ante os Estados Unidos e os países europeus a respeito das negociações de Viena para tentar salvar o acordo de 2015 sobre o programa nuclear de Teerã.

"Esperamos que seja possível preservar o Plano de Ação Integral Conjunto e que Washington retorne finalmente à aplicação plena da resolução correspondente da ONU", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao lado do colega iraniano Mohammad Javad Zarif em Teerã.

Lavrov voltou a pedir ao governo dos Estados Unidos que retire as sanções adotadas contra Teerã desde sua saída do acordo, em 2018 durante a presidência de Donald Trump.

Lavrov criticou as recentes sanções da União Europeia (UE) ao Irã, que no seu entender prejudicam as negociações.

Na segunda-feira (12/4), a UE adicionou oito funcionários do governo iraniano à lista de pessoas objetos de sanções por sua participação na repressão aos protestos de 2019.

"Na UE não há nenhuma coordenação, a mão direita não sabe o que faz a esquerda. É lamentável", disse Lavrov.

"Se esta decisão foi tomada de maneira voluntária em plena negociação em Viena para salvar (o acordo sobre o programa nuclear iraniano), então é ainda mais lamentável. É um erro que seria pior que um crime", completou.

Em resposta à decisão da UE, que coordena as discussões em Viena, o Irã anunciou na segunda-feira que suspende "qualquer diálogo sobre direitos humanos" e "cooperação" com o bloco.

Zarif advertiu Washington que não conseguiria nenhuma vantagem nas discussões sobre a questão nuclear iraniana com "atos de sabotagem" ou "sanções".

"Não temos nenhum problema em voltar aos nossos compromissos (...) mas os americanos têm que saber que nem as sanções, nem os atos de sabotagem darão um instrumento de negociação e que estas ações apenas complicarão ainda mais a situação para eles", declarou Mohamad Javad Zarif.

Teerã acusou Israel de ter sabotado no domingo uma central de enriquecimento de urânio em Natanz, no centro do Irã, no momento em que acontecem negociações em Viena para tentar salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano assinado na capital austríaca em 2015.

"Pensaram que o que fizeram em Natanz seria em desvantagem do Irã... Eu garanto que em um futuro próximo Natanz vai passar a centrífugas mais aperfeiçoadas, Os israelenses fizeram uma aposta ruim", declarou Zarif.

"Se pensavam que poderiam frear os esforços do Irã para obter a suspensão das sanções contra o povo iraniano, fizeram uma aposta muito ruim", completou.

A Casa Branca afirmou na segunda-feira (12/4) que Washington "não teve envolvimento de nenhuma maneira" no ocorrido em Natanz.

As discussões de Viena reúnem o Irã e as grandes potências que permanecem no acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido, Irã e Rússia), com a mediação da UE. O governo dos Estados Unidos participa, mas sem contato direto com os iranianos.

Como represália ao restabelecimento de sanções por parte dos Estados Unidos ao sair do acordo, o Irã se afastou desde 2019 da maioria dos compromissos cruciais para limitar as atividades nucleares que havia assumido em 2015.

Joe Biden, que sucedeu Trump em janeiro, expressou a intenção de retornar ao acordo de Viena.

O Irã sempre negou o desejo de desenvolver uma bomba atômica, algo pelo qual o país é acusado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

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