A Justiça italiana ordenou a prisão por fraude fiscal do empresário italiano Gianluigi Torzi, ligado ao Vaticano na polêmica compra de um imóvel de luxo em Londres - informaram fontes policiais nesta segunda-feira (12/4).
Torzi é acusado de ter ganho, de forma ilícita, 15 milhões de euros (US$ 17,8 milhões) e de ter criado um complexo sistema de faturas falsas para enganar o Tesouro, explicou a polícia em comunicado.
A Justiça vaticana, que solicitou a assistência jurídica das autoridades italianas, investiga Torzi pelos opacos arranjos financeiros e pela rede de empresas e consultorias, quase todas italianas, que acabou criando um rombo de mais de 454 milhões de euros (cerca de US$ 500 milhões) nas finanças da Santa Sé.
De acordo com a investigação italiana, Torzi transferiu parte de seus ganhos para duas empresas inglesas e investiu em ações de empresas que cotam na bolsa de valores italiana, envolvendo um total superior a 4,5 milhões de euros (US$ 5,3 milhões).
Segundo a agência de notícias italiana AGI, Torzi está em Londres e não foi preso até o momento.
"É evidente que Gianluigi Torzi, com a colaboração de testas de ferro e de homens de confiança, usa várias empresas, inclusive com sede no exterior, como fachada para sua atividade empresarial, em grande parte baseada na sonegação de impostos, que prevê a utilização de receitas ilícitas em especulação financeira", resumiu a Procuradoria de Roma, ao determinar sua detenção.
Em um fato pouco comum, o Vaticano deteve Gianluigi Torzi por alguns dias em junho de 2020, no âmbito da investigação aberta após o escândalo causado pela compra de um imóvel de luxo, em Londres, com fundos da Secretaria de Estado.
No obscuro investimento de mais de US$ 400 milhões para a aquisição de um edifício no coração financeiro de Londres, ocorrida entre 2014 e 2018, Torzi teria cobrado milhões de euros como comissão.
O Vaticano pediu o congelamento dos ativos de Torzi em Londres. No mês passado, porém, um juiz inglês revogou o congelamento das três contas bancárias do corretor italiano, alegando que o Vaticano não apresentou provas suficientes para o caso.
Em novembro passado, o papa Francisco deixou o secretário de Estado sem recursos próprios e ordenou o corte de todos os laços com o fundo de investimento suspeito, no âmbito de uma campanha interna em favor da transparência de suas contas.