O programa Covax, que pretende garantir o acesso às vacinas anticovid aos países mais pobres, expressou nesta quinta-feira (8) seu apoio a AstraZeneca e se parabenizou por ter levado a vacinação para mais de 100 territórios ou países do mundo.
A vacina AstraZeneca é a mais usada na primeira onda de doses distribuídas pelo programa Covax, no qual participa a Organização Mundial da Saúde (OMS) e que garante o acesso gratuito à vacinação contra a pandemia para as 92 economias mais pobres do planeta.
O programa, no entanto, sofreu atrasos depois que Nova Délhi interrompeu as exportações do Serum Institute of India (SII) para enfrentar a segunda onda de casos de covid-19. O SII é um dos dois lugares que produz doses da AstraZeneca para o Covax. O outro está na Coreia do Sul.
O Covax vai tentar distribuir 238,2 milhões de doses antes de 31 de maio, das quais 237 milhões pertencem à AstraZeneca e 1,2 milhão à Pfizer/BioNTech. Vários países suspenderam o uso da vacina AstraZeneca para as populações mais jovens devido aos efeitos colaterais na forma de trombose sanguínea.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reafirmou na quarta-feira seu apoio à vacina anticovid da AstraZeneca, apesar deste efeito colateral, já que o balanço entre riscos e benefícios continua sendo "positivo", de acordo com esta agência.
A OMS afirma que uma relação entre a vacina da AstraZeneca e o surgimento de uma forma rara de coágulos sanguíneos é "plausível, mas sem confirmação".
Associação pública e privada
A iniciativa Covax é uma associação público-privada entre a OMS, a Aliança da Vacina (Gavi) e a Cepi (Coalition Epidemic Preparedness Innovations).
O programa Covax segue os critérios da OMS sobre as diferentes vacinas, que continua "sendo o mesmo" para a AstraZeneca, segundo uma porta-voz da Gavi à AFP. "A vacina da AstraZeneca continua sendo um importante instrumento público contra a covid-19, e é eficaz para prevenir os casos mais graves, a hospitalização e as mortes".
A barreira de cem países ou territórios que se beneficiam do programa Covax foi superada com a entrega de doses à ilha caribenha de Santa Luzia, 42 dias depois da primeira entrega em Gana em 24 de fevereiro.
Até agora, cerca de 38,4 milhões de doses foram entregues a 102 territórios, incluindo 61 das 92 economias mais pobres.
Alguns dos maiores países do mundo também receberam vacinas deste programa, entre eles Brasil, Índia, Indonésia, Nigéria, Etiópia, Filipinas, Egito, Vietnã, República Democrática do Congo e Irã.
As nações ou territórios menores também foram beneficiados, entre eles as ilhas do Pacífico de Tuvalu, Nauru e Tonga, além da Dominica no Caribe, e do principado de Andorra, entre França e Espanha.
Seis dos países do G20 também receberam as doses: Argentina, Brasil, Canadá, Indonésia, Arábia Saudita e Coreia do Sul.
As entregas também se estenderam ao Iêmen, país em guerra, onde a ONU considera que existe a pior crise humanitária do planeta, assim como ao Afeganistão.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, critica frequentemente os países ricos por acumularem vacinas enquanto muitas das nações mais pobres ainda aguardam suas primeiras doses.