O ministério britânico das Relações Exteriores anunciou nesta quinta-feira (8) que foi notificado pelas autoridades birmanesas sobre o fim do mandato de seu embaixador no Reino Unido, expulso na véspera da representação diplomática por partidários da junta militar que governa o país.
"Devemos portanto aceitar a decisão tomada pelo governo birmanês em relação às funções de Kyaw Zwar Minn", afirmou o ministério em um comunicado. A nota destaca que a posição diplomática do Reino Unido sempre consistiu em reconhecer os Estados e não os governos.
Diplomatas vinculados à junta militar que deu um golpe de Estado em Mianmar em 1º de fevereiro impediram na quarta-feira à noite que o embaixador Kyaw Zwar Minn, partidário da líder civil deposta Aung San Suu Kyi, entrasse na representação do país em Londres.
Depois de esperar em vão na porta da embaixada, o diplomata passou a noite em seu carro, que exibe em uma das janelas uma grande foto da chefe de Governo civil deposta.
"Condenamos os atos de intimidação do regime militar de Mianmar em Londres ontem" (quarta-feira), escreveu o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, em uma mensagem no Twitter. Depois de elogiar o embaixador birmanês por sua "coragem", ele reiterou o apelo para o fim da "espantosa violência" em Mianmar e o retorno "rápido da democracia" no país.
O embaixador birmanês acusou na quarta-feira um militar próximo à junta de "ocupar" a embaixada, denunciando "uma espécie de golpe de Estado". Ao ser questionado sobre quem estava dentro do edifício e impedia sua entrada, Kyaw Zwar Minn respondeu à AFP: "O adido militar, eles ocuparam minha embaixada".
O Reino Unido, ex-potência colonial, anunciou sanções contra vários funcionários da junta militar, incluindo seu comandante Min Aung Hlaing, por seu papel no golpe de Estado que derrubou o governo civil birmanês liderado por Aung San Suu Kyi.