O suposto complô contra a monarquia jordaniana, protagonizado pelo príncipe Hamza, meio-irmão do rei Abdullah II, desapareceu completamente da imprensa local nesta quarta-feira (7/4), um dia depois de uma ordem que proibiu a publicação de informações sobre a investigação do caso.
Em uma tentativa de acabar com o episódio inédito na história do reino, que abalou profundamente os jordanianos, o procurador de Amã, Hassan al Abdalat, proibiu na terça-feira (6/4) a publicação de qualquer informação relativa à investigação "dos serviços de segurança sobre o príncipe Hamza e outros".
Depois de ocupar durante três dias as manchetes, os jornais não publicaram nada nesta quarta-feira (7/4) sobre o "complô" para desestabilizar o trono nem fizeram qualquer referência sobre "a camarilha" que tentou abalar a segurança do reino. Tampouco mencionaram a detenção dos supostos conspiradores.
A visita do chanceler saudita Faisal Bin Farhan, que transmitiu uma mensagem de apoio do rei Salman, a proibição de informar sobre o tema e a epidemia de covid-19 eram os principais temas dos jornais.
Para Mustafah al-Riyalat, chefe de redação do jornal estatal Ad-Dustour, o silêncio da imprensa se justifica porque o assuntou "chegou ao fim".
"Graças a Deus as coisas voltaram ao normal", declarou à AFP.
"Todos os jordanianos agora estão tranquilos, como se nada tivesse acontecido", completou para explicar o silêncio da imprensa, embora admita que esta não é a única razão.
"Existe a decisão do procurador de proibir a publicação de qualquer assunto relacionado com o príncipe Hamza", disse.
"Também de publicar sobre os detidos. Devemos esperar um anúncio oficial sobre o tema antes de publicar", explicou.
O príncipe Hamza negou as acusações das autoridades sobre sua participação em uma tentativa de sedição e na segunda-feira (5/4) anunciou que era leal ao rei Abdullah II.
"Uma solução foi alcançada dentro da família real", opinou Ahmed Awad, diretor do Centro Phenix de Estudos Econômicos e Informáticos.
"Mas a verdadeira crise política não terminou e continuará até que sejam adotadas reformas democráticas", completou.