Taiwan acusou nesta quarta-feira (7/4) a China de tentar atrair o Paraguai para mudar seu reconhecimento diplomático sobre a ilha em troca de vacinas contra o coronavírus.
O Paraguai é um dos 15 países que reconhecem oficialmente o governo de Taipé ante Pequim, que considera Taiwan parte do território chinês.
Pequim aumentou a pressão sobre Taiwan desde a eleição em 2016 da presidente Tsai Ing-wen, que rejeita que a ilha integre a China.
Desde então, o governo chinês conseguiu mudar a posição de sete aliados oficiais de Taiwan, incluindo Panamá, El Salvador e República Dominicana.
Nesta quarta-feira (7/4), o ministro das Relações Exteriores de Taiwan disse que a China estava tentando cortejar o Paraguai com a promessa de vacinas, em um momento de protestos contra o governo de Assunção pela gestão da pandemia.
"Este é um período em que vemos que a 'diplomacia das vacinas' da China está atuando em muitas partes do mundo, especialmente na América Central e do Sul", disse Joseph Wu.
"O governo chinês foi muito ativo para dizer (...) que se o governo do Paraguai estiver disposto a romper os laços diplomáticos com Taiwan, o país poderá obter milhões de doses de vacinas da China", completou.
"Isto gerou muita pressão sobre o governo do presidente Mario Abdo Benítez e também gerou muita pressão sobre nós para encontrar o apoio necessário", disse Wu, antes de acrescentar que a oposição política do Paraguai está "muito disposta a vincular-se à China".
O Paraguai registrou até o momento 224.000 casos de covid-19 e 4.500 mortes, em uma população de sete milhões de pessoas.
As mortes aumentaram nas últimas semanas e protestos foram registrados contra o governo, incluindo uma tentativa frustrada de destituir Abdo Benítez em março.
O presidente atribui o atraso na vacinação a problemas do mecanismo Covax, apoiado pela OMS, que tem o objetivo de garantir acesso às vacinas aos países com menos recursos.
O Paraguai recebeu até o momento, além de 36.000 doses da AstraZeneca do dispositivo Covax, 4.000 doses da vacina russa Sputnik V e 20.000 da chinesa Coronavac doadas pelo Chile.