Inundação

Inundações deixam mais de 100 mortos e dezenas de desaparecidos na Indonésia e Timor Leste

As fortes chuvas provocaram a cheia das represas e inundaram milhares de casa

Ao menos 113 pessoas morreram e dezenas continuavam desaparecidas nesta segunda-feira (5/4), devido a inundações e deslizamentos de terra na Indonésia e em Timor Leste, após a passagem do ciclone Seroja.

As inundações e as cheias repentinas provocadas pelas chuvas torrenciais provocaram o caos nas zonas situadas entre a ilha indonésia de Flores e o Timor Leste. Milhares de pessoas procuraram abrigos.

As fortes chuvas provocaram a cheia das represas e inundaram milhares de casas.

Ao menos 86 pessoas morreram na Indonésia, e 71 são consideradas desaparecidas. No vizinho Timor Leste foram anunciadas 27 mortes, a maioria em Díli, a capital do país.

No leste da ilha indonésia de Flores, muitas casas, estradas e pontes estavam cobertas de lama, o que complicava a tarefa das equipes de resgate que tentavam chegar aos locais mais afetados.

"A lama e as condições meteorológicas constituem um grande desafio, assim como os escombros que se acumulam e dificultam as buscas", afirmou Raditya Jati, porta-voz da agência indonésia de gestão de catástrofes.

Em Lembata, uma ilha situada entre Flores e Timor Leste, o acesso por estrada foi bloqueado, o que obrigou as autoridades a utilizar máquinas pesadas para reabrir as vias. Partes de alguns vilarejos foram arrastados em direção à costa, devido aos deslizamentos de terra.

Basir Langoday, um habitante da ilha, disse que ouviu gritos de socorro em uma casa coberta de escombros.

"Havia quatro pessoas dentro da casa. Três sobreviveram, mas não a última", afirmou.

Langoday e outros vizinhos afirmaram que fizeram todo o possível para salvar o homem. "Ele gritava: mais rápido, não aguento mais".

Outro morador da ilha, Juna Witak, seguiu até o hospital local para velar o corpo da mãe, que morreu na véspera nas inundações.

"Teve um grande barulho, e a água levou as casas, levou tudo", explica.

- Medicamentos e comida -


No Timor Leste, muitas pessoas perderam suas casas, incluindo Epifania Gomes, mãe de quatro filhos, que se refugiou com a família em uma igreja na região de Díli.

"É difícil encontrar água limpa. Não nos lavamos, porque não tem chuveiro, nem banheiro, temos que fazer as necessidades no mato", disse à AFP.

A União Europeia ofereceu ajuda ao pequeno e pobre país.

"As inundações catastróficas aconteceram no momento em que Timor Leste luta para conter a propagação da covid-19 entre sua população, aumentando a pressão sobre os recursos e o povo timorense", afirmou o bloco.

Na Indonésia, o presidente Joko Widodo expressou "pêsames" pela devastação no sudeste do arquipélago.

"Compreendo a imensa dor dos nossos irmãos e irmãs depois desta catástrofe", afirmou em um discurso à nação.

Nas áreas afetadas, os moradores correram para os centros de abrigo. Outros permaneceram perto dos escombros de suas casas.

"As pessoas se dispersaram por todos os lados, há centenas delas em todos os distritos, mas muitas pessoas também ficaram em suas casas", explicou Alfons Hada Bethan, diretor da agência de gestão de catástrofes de Flores Leste. "Elas precisam de medicamentos, comida, cobertores".

As chuvas dificultam os trabalhos de resgate. "Acreditamos que ainda há muitas pessoas sepultadas, mas não sabemos quantas", disse.

Os deslizamentos de terra e as cheias repentinas são frequentes no arquipélago da Indonésia, sobretudo, durante a temporada das chuvas. Os ativistas do meio ambiente afirmam que o desmatamento favorece as catástrofes.

Em janeiro, 40 indonésios morreram nas inundações na cidade de Sumedang, em Java Oeste.

A agência nacional de gestão de catástrofes calcula que 125 milhões de indonésios, o que representa quase metade da população do arquipélago, vivem em regiões com risco de deslizamento de terra.

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