MEIO AMBIENTE

Reservatório de águas residuais na Flórida corre o risco de romper

Mais de 300 casas perto de uma mina de fosfato abandonada e uma fábrica de fertilizantes do condado de Manatee estão sob ordem de evacuação, enquanto o governador da Flórida, Ron DeSantis, declarou estado de emergência

Equipes de emergência da Flórida trabalhavam, neste domingo (4), para evitar uma catástrofe ambiental. Um reservatório de águas residuais corre o risco de romper e despejar milhões de litros contaminados em casas próximas e em Tampa Bay.

Mais de 300 casas perto de uma mina de fosfato abandonada e uma fábrica de fertilizantes do condado de Manatee estão sob ordem de evacuação, enquanto o governador da Flórida, Ron DeSantis, declarou estado de emergência no sábado para liberar fundos e enfrentar a crise.

"O que estamos tentando agora é prevenir e responder, se necessário, a uma situação de inundação catastrófica", disse DeSantis em entrevista coletiva neste domingo, após visitar a área de helicóptero.

O governador explicou que as equipes de emergência, apoiadas pela Guarda Nacional da Flórida, estavam bombeando cerca de 33 milhões de galões por dia (quase 125.000 metros cúbicos) de águas residuais de um reservatório que apresenta fissuras em seu revestimento plástico.

"De acordo com os engenheiros do local, uma descarga controlada foi necessária para evitar uma catástrofe", declarou DeSantis.

O efluente "atende aos níveis de qualidade para águas marinhas", afirmou, com exceção do fósforo e do nitrogênio.

As algas marinhas crescem muito rápido nesses elementos, e grupos ambientalistas temem que uma descarga no oceano de milhares de litros dessas águas ricas em nutrientes possa causar uma "maré vermelha" mortal ou explosão de algas, exterminando os peixes e a vida aquática, além de prejudicar a atividade turística.

O revestimento plástico do reservatório, que contém mais de um milhão de metros cúbicos de águas residuais de dragagem ou chuva, começou a vazar há alguns dias.

O rompimento do reservatório também pode fazer com que estoques de fosfogesso armazenados próximo à área se misturem com a água e contamine o ecossistema local.

Essa substância, resíduo da produção de fertilizantes, é considerada radioativa por conter isótopos como o radônio, além de metais pesados tóxicos como arsênio, chumbo e mercúrio.

O grupo de conservação nacional Center for Biological Diversity pediu a intervenção da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

"As autoridades federais precisam consertar essa bagunça que a indústria de fertilizantes deixou nas comunidades da Flórida e interromper imediatamente a produção de fosfogesso", disse o diretor da organização na Flórida, Jaclyn Lopez, em um comunicado.

História turbulenta

As autoridades do condado de Manatee ordenaram uma "evacuação completa" da área, incluindo 316 casas.

Os problemas em Piney Point, entretanto, remontam a décadas.

A comissária de Agricultura da Flórida, Nicole Fried, escreveu a DeSantis lembrando que a emergência atual foi apenas a mais recente em uma série de incidentes.

"Por mais de 50 anos, esta operação de mineração no centro da Flórida causou inúmeros desastres e incidentes para a saúde humana e ambiental", escreveu, acrescentando que já houve vários problemas anteriores no revestimento do depósito.

O administrador em exercício do condado de Manatee, Scott Hopes, disse que as autoridades estão tentando esvaziar permanentemente os reservatórios.

“Não vamos reparar o forro, vamos esgotar a água dos tanques remanescentes e avançar para uma solução permanente no futuro, assim que mitigarmos o risco atual”, disse Hopes em entrevista coletiva.

DeSantis também indicou que a empresa que operava o local, HRK Holdings, deve ser responsabilizada pelo que aconteceu.

"Isso não é aceitável e não é algo que vamos autorizar que continue", lançou.

HRK não respondeu imediatamente aos pedido de comentários.