Há um ano, os preços do petróleo caíram no abismo, afetados pela pandemia e pelas divisões na OPEP+. Desde então, voltaram a subir, impulsionados pelas vacinas e pelas expectativas de recuperação.
A cerca de 65 dólares o barril, o petróleo recuperou seu preço anterior à pandemia e o banco americano Goldman Sachs projeta que vai superar os 80 dólares no verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) pelos "índices favoráveis da demanda nos lugares com forte taxa de vacinação".
Seu rival Morgan Stanley calcula que o barril de petróleo alcançará os 70 dólares no terceiro trimestre.
"À medida que os meses do verão se aproximam é razoável esperar que o efeito 'reabertura' [da economia] se junte ao aumento sazonal normal" de consumo de petróleo, segundo seus analistas.
Além disso, os fundamentos do mercado de petróleo - a oferta e a demanda - estão agora "mais sólidos" e equilibrados, estima a Agência Internacional da Energia (AIE) em suas últimas previsões publicadas na semana passada.
A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) também se mostrou mais otimista e espera uma recuperação mundial da demanda de petróleo dos 6 milhões de barris diários para 96,5 milhões.
No entanto, um ano atrás o valor de referência do petróleo nos Estados Unidos estava no negativo, algo nunca visto antes.
Os investidores, presos entre a ausência de compradores e a impossibilidade de comprar mais barris pela falta de espaço disponível, foram obrigados a pagar para se desfazerem deles.
"A situação mudou muito desde então", especialmente após a chegada de várias vacinas contra a covid-19 que alimentaram a esperança de virar a página da pandemia, diz à AFP Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank.
A campanha de vacinação no Reino Unido está em pleno apogeu, assim como nos Estados Unidos, onde seu presidente, Joe Biden, revelou um gigantesco plano de recuperação para a primeira economia mundial e primeiro consumidor de petróleo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta agora um crescimento mundial de 6% em 2021 após a histórica recessão de 2020.
"A sensação de que tudo vai bem fez com que o mercado fique muito confiante para enfrentar uma nova crise", alerta Bjornar Tonhaugen, analista do Rystad.
Uma situação parecida com a de abril passado "pode acontecer", adverte Bjarne Schieldrop, analista do SEB.
O próximo encontro de ministros dos países produtores de petróleo está previsto para quarta-feira, mas a OPEP+ decidiu adiantar para esta terça uma reunião do comitê de monitoramento do acordo sobre a redução da produção.
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