A Casa Branca anunciou nesta segunda-feira (26/04) que distribuirá para outros países 60 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a covid-19, assim que elas estiverem prontas. Ainda não há detalhes sobre para onde as doses serão enviadas.
Os Estados Unidos estão sob crescente pressão para doar parte de seu estoque de vacinas.
Nesta segunda-feira, o presidente americano, Joe Biden, telefonou para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, cujo país está sofrendo com alta de casos e mortes da doença, além do esgotamento no sistema de saúde.
Biden prometeu a Modi ajuda imediata, "incluindo suplementos para fornecimento de oxigênio, material para vacinação e remédios", segundo nota da Casa Branca. Recentemente, os EUA já haviam prometido fornecer insumos para a fabricação de vacinas na Índia.
Embora a vacina da AstraZeneca esteja sendo amplamente usada no mundo, a agência sanitária americana, a Food and Drug Administration (FDA), ainda não aprovou seu uso no país.
No mês passado, Biden já havia prometido doar quatro milhões de doses da AstraZeneca para os vizinhos México e Canadá — ambos com autorização já concedida ao imunizante.
O Brasil também vem pleiteando doses doadas pelos americanos — em março, o Itamaraty afirmou estar em "tratativas" com os EUA para adquirir doses. E, no dia 19 daquele mês, o Senado brasileiro enviou um apelo à vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, para que as vacinas fossem colocadas à disposição do Brasil.
Nesta segunda-feira, a Casa Branca disse esperar que cerca de 10 milhões de doses já possam ser exportadas nas próximas semanas, assim que o FDA concluir sua análise. Outras 50 milhões de doses, hoje em diferentes estágios de produção, poderiam ser enviadas posteriormente.
Em uma entrevista coletiva, Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, disse que funcionários da FDA verificariam a segurança e qualidade das doses antes de sua exportação.
"A gestão americana da pandemia do coronavírus teve muitos buracos, mas a produção de vacina não é um deles. O governo Biden tem doses abundantes", explica Anthony Zurcher, repórter da BBC nos Estados Unidos.
A situação preocupante em países como a Índia, Canadá e México dá a oportunidade de os Estados Unidos conduzirem uma "diplomacia de vacinas", acrescenta Zurcher.
"No mínimo, ela isenta Joe Biden das críticas de que os EUA deram as costas ao mundo ao reter milhões de doses que não eram necessárias — ou desejadas —, quando elas poderiam estar salvando vidas", diz o jornalista, lembrando que muitos americanos estão se recusando a receber a imunização.
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