A SpaceX enviará, na sexta-feira (23/4), quatro astronautas à Estação Espacial Internacional, em sua segunda missão de rotina desde que os Estados Unidos retomaram os voos tripulados ao espaço.
A decolagem está programada para 05h49 (09h49 GMT) da sexta-feira (23/4), em vez de quinta-feira (22/4), devido às "condições climáticas adversas".
A agência espacial americana "prevê uma probabilidade de 90% de condições climáticas favoráveis" para a decolagem, e o tempo também deve "melhorar" ao longo da trajetória de voo. O vento continuará sendo "a principal preocupação climática" na decolagem.
"Para voos tripulados, devemos garantir que as condições meteorológicas sejam boas para uma eventual operação de resgate da equipe", caso haja um problema na decolagem, informou Steve Jurczyk, diretor interino da NASA, a repórteres.
A missão, chamada Crew-2, inclui dois astronautas americanos, Shane Kimbrough e Megan McArthur, o japonês Akihiko Hoshide e o francês Thomas Pesquet, da Agência Espacial Europeia (ESA). Todos eles já estiveram no espaço.
A ESA apelidou a missão de "Alpha", em referência a Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo do nosso sistema solar.
A SpaceX, fundada por Elon Musk, reafirmou-se como a fornecedora preferida da Nasa para o transporte espacial, à medida que a cápsula Starliner da Boeing acumula atrasos em seus voos de teste.
O sucesso do primeiro voo de teste tripulado da SpaceX em maio de 2020 quebrou o monopólio russo dos voos para a ISS e devolveu aos Estados Unidos a capacidade de alcançar esse feito, depois que o programa de ônibus espaciais "Shuttle" foi encerrado em 2011.
O voo de sexta-feira reutilizará o foguete da primeira missão Crew-1, e a espaçonave Crew Dragon será a mesma do voo de teste.
Pesquet disse a repórteres que sua presença ressaltava o compromisso da Europa com os voos e com a exploração espacial.
"É importante para nós como agência (espacial), porque fazemos parte do programa da ISS há 20 anos e pretendemos participar do que vai acontecer a seguir", disse o francês, referindo-se especialmente ao programa de voos tripulados à Lua, Artemis.
Estação cheia
Pesquet também transmitiu à AFP sua empolgação com a ideia de viajar na cápsula Crew Dragon - totalmente autônoma e futurística -, muito diferente das naves russas Soyuz que conhece.
"A forma como está distribuída é simplesmente fantástica, você sabe o que está acontecendo o tempo todo", disse. "A Soyuz é incrivelmente confiável, mas você tinha que entender todas as informações (...) espalhadas".
"Por isso o treinamento foi muito mais longo", explicou.
Os quatro astronautas vão conviver na ISS com a tripulação da Crew-1 alguns dias antes que esta retorne de sua missão de seis meses.
Com a presença adicional de três russos, a estação ficará excepcionalmente cheia, com 11 pessoas a bordo.
Pesquet e seu colega japonês Hoshide planejam enriquecer as refeições com pratos típicos de seus países. Assim, o francês revelou que haveria crepes suzette no cardápio.
Durante a missão, a equipe terá a tarefa de conduzir vários experimentos científicos. Entre eles, de acordo com Pesquet, o exame dos efeitos da gravidade zero sobre organoides cerebrais (minicérebros criados em laboratório).
Os cientistas esperam que esta pesquisa possa ajudar as agências espaciais a se prepararem para missões que exporão as equipes humanas às dificuldades do espaço por longos períodos de tempo e até mesmo ajudarão a combater doenças cerebrais na Terra.
Outra parte importante da missão será atualizar o sistema de energia solar da estação, instalando novos painéis compactos que se desdobram como um enorme tapete de ioga.