Autoridades russas impediram nesta terça-feira (20/4) que vários profissionais da saúde, incluindo a médica pessoal do opositor russo Alexei Navalny - que está em greve de fome - entrassem na centro penitenciário em que o ativista foi hospitalizado na segunda-feira (19/4).
O militante anticorrupção, que não se alimenta há três semanas, foi levado na segunda-feira (19/4) para uma unidade médica do complexo penitenciário em Vladimir, grande cidade ao nordeste de Moscou. Sua família e médicos afirmam desde o fim de semana que Navalny está em risco de morte.
Anastasia Vasilieva, médica pessoal de Navalny e líder de um sindicato opositor, afirmou que não foi autorizada a encontrar o paciente nesta terça-feira (20/4), como já havia acontecido em todas as suas tentativas anteriores.
"É uma atitude muito desrespeitosa em relação às pessoas que chegaram para exercer o seu dever humano, o dever médico de ajudar um paciente", declarou à AFP do lado de fora da colônia penal.
A médica destacou que se trata da "saúde e da vida" do advogado de 44 anos.
Navalny tem uma elevada concentração de potássio no sangue e poderia "sofrer uma parada cardíaca" a qualquer momento, segundo os médicos.
Os advogados do ativistas conseguiram entrar na penitenciária, constataram os correspondentes da AFP.
Alexei Navalny parou de comer em 31 de março em protesto contra as condições de sua detenção. Ele acusou a administração penitenciária de rejeitar seu pedido de visita de um médico: ele sofre de dupla hérnia de disco e perda da sensibilidade nos braços e pernas.
O inimigo número um do Kremlin foi detido em janeiro, ao retornar à Rússia após cinco meses de convalescença em um hospital da Alemanha por um envenenamento que atribui ao presidente Vladimir Putin.
Ele foi condenado a dois anos e meio de prisão por um caso de fraude de 2014, que considera uma manobra política.
Ocidente preocupado
"O estado de saúde de Navalny é satisfatório", afirmou na segunda-feira o serviço penitenciário, uma declaração questionada pela União Europeia (UE).
Leonid Volkov, próximo ao opositor, afirmou ele foi transferido para "um campo de concentração e tortura e não para um hospital".
A mãe do opositor, Ludmila, expressou no Instagram que a nova colônia penitenciária é "pior" que a anterior.
A ONG Anistia Internacional (AI) considerou a transferência uma "castigo disfarçado de tratamento médico", pois as autoridades se preparavam para "alimentá-lo à força para romper sua greve de fome".
O destino do opositor e de maneira global das relações entre Bruxelas e Moscou foram temas de uma reunião na segunda-feira dos ministros das Relações da UE. Os países ocidentais levantaram o tom contra a Rússia.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, apontou as autoridades russas como "responsáveis" pela saúde de Navalny, assim como o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) transmitiu perguntas a Moscou sobre as condições de detenção do ativista anticorrupção, inquieto por saber se são "compatíveis com seu direito à vida".
A pressão ocidental por sua libertação é forte. A chanceler alemã Angela Merkel disse que está "extremamente preocupada" e afirmou que o governo alemão "trabalha para assegurar que receba o atendimento médico apropriado".
Moscou, firme em sua posição, denuncia as críticas ocidentais como uma interferência. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que "não podem ser aceitas".
Os simpatizantes do opositor convocaram manifestações em toda a Rússia na quarta-feira, dia em que Putin fará seu discurso anual ao Parlamento.
O ministério do Interior advertiu "que tomará todas as medidas necessárias" e não permitirá a desestabilização.
O MP deseja proibir o movimento de Navalny, o Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK), por "extremismo".
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