Obituário

Presidente do Chade morre após ser ferido na frente de batalha

Idriss Déby Itno havia sido reeleito com 80% dos votos para um novo mandato, o conselho militar será responsável por substituir o presidente

Agência France-Presse
postado em 20/04/2021 10:03 / atualizado em 20/04/2021 10:03
 (crédito: MARCO LONGARI)
(crédito: MARCO LONGARI)

O presidente do Chade, Idriss Déby Itno, que estava no poder há 30 anos, morreu nesta terça-feira (20/4) em consequência dos ferimentos que sofreu durante uma operação militar contra os rebeldes no norte do país no fim de semana, anunciou o porta-voz do Exército.

"O presidente da República, chefe de Estado e comandante das Forças Armadas, Idriss Déby Itno, acaba de dar o último suspiro, defendendo a integridade territorial no campo de batalha. Com grande amargura anunciamos ao povo chadiano sua morte, em 20 de abril de 2021", afirmou o general Azem Bermandoa Agouna ao ler um comunicado na televisão pública.

Deby, de 68 anos, militar de carreira, chegou ao poder em 1990, após um golpe de Estado e acabara de ser reeleito para um novo mandato de seis anos, com quase 80% dos votos, segundo os resultados parciais publicados na segunda-feira (19/4) à noite.

Um de seus filhos, Mahamat Idriss Déby Itno, de 37 anos é comandante da guarda presidencial e vai comandar o conselho militar responsável por substituir o presidente, segundo o Exército.

"Um conselho militar foi instaurado, comandado por seu filho, o general Mahamat Idriss Déby Itno", declarou o porta-voz militar.

Ministros e oficiais de alta patente haviam informado que o chefe de Estado compareceu no sábado (17/4) e domingo (18/4) à frente de batalha, onde o Exército enfrentava os rebeldes, que iniciaram uma ofensiva a partir de sua retaguarda na Líbia no dia das eleições, em 11 de abril.

Mais de 300 rebeldes mortos


Os rebeldes anunciaram na segunda-feira (19/4) em um comunicado que Déby havia sido ferido, mas a informação não tinha sido confirmada oficialmente.

Na segunda- feira (19/4), o Exército do Chade afirmou que matou mais de 300 rebeldes, envolvidos em uma incursão no norte, e que cinco militares faleceram em combate. O governo afirmou que a situação estava sob controle. No mesmo dia foram mobilizados tanques nas principais avenidas da capital, N'Djamena, o que provocou cenas de pânico em alguns bairros. Horas depois os veículos foram retirados.

O grupo rebelde Frente pela Alternância e a Concórdia no Chade (FACT) anunciou no domingo (18/4) em um comunicado que "liberou a região de Kanem", norte do país, cenário dos combates de sábado.

Também afirmaram que 36 soldados ficaram feridos e que 150 rebeldes foram capturados, "incluindo três comandantes".

Déby, recentemente promovido a marechal, concentrou a campanha eleitoral na "paz e segurança" no país, alegando que seu governo melhorou a situação.

Mas o Chade integra uma região conturbada. Entre a Líbia, Sudão e República Centro-Africana, entre outros, é um ator de peso na guerra contra os extremistas do Sahel, para a qual contribui com tropas e armamento.

Em fevereiro de 2019, rebeldes chadianos que entraram no país a partir da Líbia com a intenção de derrubar Déby, foram contidos por tropas francesas. Em fevereiro de 2008, um ataque rebelde chegou às portas do palácio presidencial, mas foi impedido na última hora.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação