Os líderes da Ucrânia, Alemanha e França pediram nesta sexta-feira (16/4) que a Rússia retire suas tropas da fronteira com a Ucrânia, depois que Moscou exigiu que Paris e Berlim usassem sua "influência" para que Kiev interrompa suas "provocações".
O presidente francês Emmanuel Macron recebeu seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Paris, para uma reunião posteriormente acompanhada pela chanceler alemã, Angela Merkel, por meio de videoconferência para tratar das recentes tensões entre Kiev e Moscou.
Os três líderes expressaram "preocupação com o aumento das tropas russas na fronteira com a Ucrânia, assim como na Crimeia, anexadas ilegalmente" e pediram sua retirada "para diminuir a escalada", segundo um comunicado conjunto.
Zelensky, por sua vez, pediu uma cúpula com Rússia, França e Alemanha para tentar aliviar as tensões com Moscou.
O presidente russo Vladimir Putin e Zelensky se encontraram pela última vez em Paris em dezembro de 2019, em uma reunião patrocinada por Macron e também com a presença de Merkel, que ajudou a reduzir as tensões nos meses seguintes.
"Quero a participação de nós quatro" nas discussões sobre "a situação de segurança no leste da Ucrânia e o desemprego em nossos territórios", disse ele em Paris, após o encontro com Macron.
Os líderes da França e da Alemanha são mediadores do conflito desde 2015, no chamado formato da Normandia, e vêm acompanhando um frágil cessar-fogo.
Zelensky disse esperar que a trégua seja restaurada após uma reunião de conselheiros dos quatro países marcada para segunda-feira (19/4).
Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, instou Merkel e Macron a convencer Kiev a "parar qualquer ato de provocação" e "enfatizar a necessidade de cumprimento incondicional do cessar-fogo".
- "A mesma família" -
Nas últimas semanas, Moscou destacou dezenas de milhares de soldados ao longo da fronteira norte e leste da Ucrânia, assim como na Crimeia, a península disputada que foi anexada em 2014.
Uma nova escalada de combates no leste da Ucrânia pôs fim ao cessar-fogo acordado em julho de 2020, o que levou a um período de relativa calma no conflito. Os combates custaram mais de 13.000 vidas desde 2014.
A Ucrânia, onde o presidente pró-Kremlin foi derrubado em um levante popular em 2014, deixou clara sua ambição de ingressar na Otan, o que irritou a Rússia.
"Não podemos ficar indefinidamente na sala de espera da União Europeia e da Otan", disse Zelenski em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro publicada na quinta-feira (15/4).
“Se pertencemos a uma mesma família, devemos viver juntos(...) temos que legalizar nosso relacionamento”, estimou.
No entanto, a adesão à Otan parece muito distante, dada a hostilidade russa e a relutância de muitos Estados membros da Aliança, incluindo a França, por medo de provocar Moscou. Quanto à adesão à UE, permanece hipotética.
"Podemos apoiar a Ucrânia ... mas isso não significa adesão, não é uma perspectiva séria", disse o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, na quinta-feira (15/4).
- Escalada de tensões com Washington -
A situação no leste da Ucrânia surge em meio a uma nova escalada de tensões entre Moscou e Washington, quando o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adota uma postura mais rígida com Putin.
Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira sanções e a expulsão de 10 diplomatas russos em retaliação ao que a Casa Branca diz ser interferência do Kremlin nas eleições americanas, um ataque cibernético massivo e outras atividades hostis.
A Rússia disse na quinta-feira (15/4) que expulsaria diplomatas americanos e puniria autoridades americanas em resposta, enquanto recomendava que o embaixador americano voltasse a Washington.
Biden propôs uma cúpula com Putin na quarta-feira (14/4), uma oferta que a Rússia continua a considerar.
A Finlândia disse que está pronta para sediar a reunião.
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