Um grupo de deputados derrubados pelo golpe da junta militar em Mianmar anunciou, nesta sexta-feira (16/4), a formação de um governo paralelo destinado a restaurar a democracia, liderado pela ex-líder Aung San Suu Kyi.
Mianmar está mergulhada no caos desde que uma junta militar deu um golpe de Estado em 1º de fevereiro.
O movimento de desobediência civil, que reivindica a restauração da democracia e uma maior participação das minorias étnicas no poder, foi duramente reprimido pela junta. Até agora, são mais de 720 mortes e 3.600 prisões.
Desde então, formou-se um grupo de resistência, o CRPH, que representa o órgão legislativo birmanês. Ele é composto por deputados destituídos, a maioria militantes da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi.
Nesta sexta, o grupo anunciou a formação de um Executivo paralelo, batizado de "governo de unidade nacional", tendo à frente Suu Kyi, como conselheira de Estado, e o presidente da República, Win Myint.
Ambos foram presos no dia do golpe e se encontram em prisão domiciliar desde então.
O governo paralelo também conta com um vice-presidente (membro da etnia Kachin) e com um primeiro-ministro (da etnia Karen), declarou o líder pró-democracia Min Ko Naing em uma mensagem publicada na página do CRPH no Facebook.
"Organizamos um governo com o maior número de grupos étnicos minoritários", indicou.
Entre os ministros, estão líderes das etnias Shan, Mon, Karen e Ta'ang.
Os responsáveis políticos nomeados foram eleitos em função dos resultados das legislativas de 2020, de sua contribuição ao movimento pró-democracia e dos grupos étnicos, incluindo facções armadas rebeldes, afirmou Min Ko Naing.
- Condenação internacional -
Aung San Suu Kyi, premiada com o Nobel da Paz, governava de fato Mianmar desde 2016, apesar de não exercer oficialmente as funções presidenciais.
Os generais golpistas, começando pelo seu chefe Min Aung Hlaing, afirmam que as eleições de novembro - vencidas pelo LND com grande maioria - fora fraudulentas e que tomaram o poder respeitando a Constituição.
A junta alertou que qualquer pessoa que trabalhar com o CRPH será declarada culpada de "alta traição". Emitiu centenas de ordens de prisão contra ativistas e políticos, alguns dos quais fazem parte deste novo governo.
Ainda assim, o movimento de protestos não para. Em Myingyan (norte), dois homens morreram na quinta-feira à noite em confrontos com as forças de segurança, afirmou um vizinho nesta sexta-feira.
Os moradores dessa cidade ergueram uma bandeira preta para indicar que defenderão seus bairros contra a polícia e o Exército.
O golpe de Estado e a repressão do movimento pró-democracia foram condenados por vários países ocidentais.
Segundo fontes diplomáticas e europeias, a União Europeia (UE) prevê sancionar na segunda-feira dez membros da junta militar e duas empresas que a financiam, medidas que deverão ser ratificadas pelos 27 Estados-membros do bloco.
O Reino Unido e os Estados Unidos sancionaram dois conglomerados birmaneses vinculados aos golpistas.
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