Ainda minoritária na França, a variante brasileira do novo coronavírus, mais contagiosa e perigosa, preocupa especialistas, e a oposição política exige a suspensão das ligações aéreas com o Brasil, onde a situação sanitária piorou consideravelmente.
"O fechamento das fronteiras é útil e absolutamente necessário e não vejo como, num momento em que confinamos os franceses, ainda mantemos essa ligação aérea", afirmou à rádio RFI o líder da bancada do Les Républicains (oposição de direita) na Assembleia Nacional, Damien Abad.
À esquerda, o secretário nacional do Partido Comunista, Fabien Roussel, pleiteou na Cnews "medidas de fechamento de fronteiras ou de isolamento estrito" de viajantes, por exemplo, confiando-lhes "15 dias no hotel, como se faz em outros países".
Questionado sobre o assunto, o ministro delegado dos Transportes Jean-Baptiste Djebbari explicou na segunda-feira (12/4) que a França havia "mantido algumas linhas" com o Brasil, mas com um protocolo de saúde "reforçado" para chegadas da ordem de "50 por dia" - contra 50.000 por semana antes da pandemia.
Os recém-chegados "só podem vir depois de um teste de PCR negativo, às vezes fazem um teste de antígeno na chegada e devem justificar uma razão convincente", assegurou.
A situação de saúde tem se agravado no Brasil desde fevereiro em parte em razão do surgimento de uma variante local do vírus, chamada P1, considerada mais contagiosa e perigosa.
Mesmo que ainda seja minoritária na França, muitos profissionais da saúde estão preocupados com uma possível propagação.
"No início, pode parecer trivial, depois pode aumentar muito rapidamente", comentou o epidemiologista Antoine Flahaut no jornal Le Parisien.
Com mais de 99.000 mortos e quase 6.000 pacientes em unidades de terapia intensiva, a França ainda sofre com a terceira onda de coronavírus e os indicadores não mostram melhora, deixando em aberto a questão sobre um relaxamento das restrições.
O presidente Emmanuel Macron estimou que uma reabertura gradual e controlada das áreas externas de cafés e restaurantes e de certos locais culturais poderia começar em meados de maio.
Uma primeira etapa importante de flexibilização está prevista para 26 de abril, com o retorno às aulas para as crianças do ensino fundamental, após três semanas de fechamento das escolas.
Os franceses são convocados a ficar em casa durante as férias escolares de duas semanas que começaram no último fim de semana: sem viagens entre as regiões e toque de recolher às 19h para todos, na esperança de conter a epidemia.
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