Os problemas parecem se acumular para o Boeing 737 MAX: cinco meses após ser autorizado a voar novamente depois de dois acidentes mortais, a fabricante americana pediu a seus clientes que interrompam o uso de algumas de suas aeronaves, para corrigir um "possível problema elétrico".
A Boeing anunciou nesta sexta-feira (9/4) que pediu a 16 companhias - que não tiveram os nomes identificados - que operam o 737 MAX que parassem de voar com o modelo até que o "problema" em potencial seja resolvido.
"A recomendação é feita para permitir a verificação de que há aterramento suficiente para um componente do sistema de alimentação elétrico", explicou a fabricante de aeronaves em nota, sem especificar o número de aeronaves afetadas.
Em um circuito, o aterramento permite evitar uma possível sobrecarga elétrica quando o dispositivo está mal isolado.
Desde a entrada em serviço deste modelo, cerca de 450 Boeing 737 MAX já foram entregues a 49 companhias e grupos de locação.
Outras 400 aeronaves encontram-se atualmente nos estacionamentos da Boeing, pois não puderam ser entregues devido à proibição de voo do modelo. A Boeing acabará entregando-os aos seus clientes apenas em 2022.
A empresa explicou que avisou seus clientes sobre os aviões afetados. "Vamos dar instruções sobre as medidas corretivas cabíveis", acrescentou, sem maiores detalhes.
Também afirmou trabalhar "em estreita colaboração" com o regulador de aviação dos Estados Unidos, a FAA, sobre o problema.
O 737 MAX, nova versão da lendária aeronave de médio alcance lançada em 1967, mergulhou a fabricante aeronáutica Boeing em uma crise profunda, afetando sua reputação de qualidade e que lhe custou bilhões de dólares.
Este modelo foi proibido de voar em março de 2019 após dois acidentes que deixaram 346 mortos - da Lion Air na Indonésia em outubro de 2018 (189 mortos) e da Ethiopian Airlines em março de 2019 na Etiópia (157 mortos).
Os acidentes revelaram um defeito no software de controle de voo MCAS. A aeronave foi autorizada a voar novamente nos Estados Unidos em novembro, decisão acompanhada na maioria das regiões do mundo após modificações no programa e um novo treinamento para os pilotos.
No entanto, continua sem poder voar na China, onde 81 aviões 737 MAX foram entregues.
As dúvidas sobre a confiabilidade da aeronave levaram muitas empresas a cancelar seus pedidos, totalizando 641 MAX em 2020.
No entanto, o aparelho recuperou um pouco de sua reputação entre seus clientes. A empresa de investimentos 777 Partners fez um pedido de 24 aeronaves e a gigante americana SouthWest Airlines fez outro pedido de 100 aviões.
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