Diplomacia

Diplomatas 'guerreiros lobo' chineses rebatem críticas estrangeiras

Os diplomatas haviam dado uma trégua por achar que as relações melhorariam após Joe Biden assumir a presidência dos Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 05/04/2021 10:04
 (crédito: Frederic J. Brown/AFP)
(crédito: Frederic J. Brown/AFP)

Os diplomatas "guerreiros lobo" da China estão de volta, após uma breve pausa, proferindo insultos no Twitter, insultando as vozes críticas e sugerindo conspirações. Estão hiperativos, em meio à pressão ocidental pelo tratamento, por parte de Pequim, aos muçulmanos uigures de Xinjiang.

Mas o que representam os "guerreiros lobo", que mais uma vez mostram os dentes?

- Quando começou? -


O termo "diplomacia do guerreiro lobo" se popularizou em 2019, quando os enviados chineses, sobretudo, o porta-voz Zhao Lijian, adotaram um tom veemente para defender o país nas plataformas das redes sociais, como o Twitter. O microblog hoje se encontra bloqueado na China.

Sua origem está em um filme sobre um soldado das forças especiais chinesas, ao estilo Rambo.

A China afirma que se viu obrigada a mudar de tom, em meio às condenações da Casa Branca quando Donald Trump era presidente.

Como porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian promoveu teorias conspiratórias como a de que o exército americano pode ter levado covid-19 para a China.

Tratou-se de uma resposta às acusações de "vírus chinês", então repetidas à exaustão por Donald Trump, que afirmou, sem prova, que o coronavírus poderia ter saído de um laboratório chinês.

E, em dezembro passado, Zhao Lijian criticou a Austrália em tuítes, acusando "soldados australianos" pelo "assassinato de civis e prisioneiros afegãos". A mensagem acompanhava a imagem de um soldado com uma faca ensanguentada na garganta de uma criança.

Os especialistas acreditam que a virada para o modo ataque reflete a nova China do presidente Xi Jinping.

- Por que estão de volta? -


Quando Joe Biden assumiu a presidência americana em janeiro, os diplomatas da China pensaram que as relações melhorariam.

A trégua se partiu em mil pedaços, porém, na reunião entre Estados Unidos e China no Alasca em meados de março, onde o diplomata de maior escalão do Partido Comunista Chinês, Yang Jiechi, ameaçou adotar medidas em relação à "interferência dos Estados Unidos".

"A forte conversa de Yang em Anchorage parece ter animado os diplomatas chineses de alto nivel a fazer comentários incendiários", opina Mathieu Duchatel, diretor do Programa de Ásia do Instituto Montaigne, radicado em Paris.

O cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Li Yang, chamou de "garoto" o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e disse que o Canadá é um "pau-mandado dos Estados Unidos".

E, no final de março, quando União Europeia, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos anunciaram sanções pela questão Xinjiang, a porta-voz do ministério de Relações Exteriores, Hua Chunying, sugeriu que a CIA queria desestabilizar a China.

Em resposta ao boicote contra marcas como H&M e Nike, que expressaram preocupação com a cadeia de fornecimento têxtil em Xinjiang, Hua mostrou uma foto na qual, segundo ela, havia escravos negros nos campos de algodão dos Estados Unidos.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação