O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, fez uma visita surpresa, ontem, ao Afeganistão, em meio a um momento de indefinição quanto à retirada das últimas tropas americanas do país. Joe Biden ainda não decidiu se vai dar prosseguimento a um acordo firmado pelo seu antecessor, Donald Trump, que prevê a saída de todas as forças até 1º de maio. O atual presidente avalia se os militares podem ficar mais seis meses — medida que agradaria ao governo afegão, que alega precisar de reforços, principalmente na cobertura aérea, na luta contra os insurgentes.
Lloyd Austin reuniu-se com o presidente Ashraf Ghani e outras autoridades. O Pentágono ordenou que sua visita ao país só fosse informada depois que o secretário deixasse o local. A rápida passagem era para “ouvir e aprender”, de acordo com Austin, e resultou em um encontro “muito útil”.
O chefe do Pentágono desembarcou em Cabul na manhã de ontem, vindo da Índia. No sábado, em Nova Délhi, Lloyd Austin disse que, “até onde sabia”, Biden não havia se decidido sobre a retirada das tropas.“Há um processo rigoroso em andamento (…) Nenhuma decisão sobre o tempo de permanência ou o número de tropas foi feita até esse ponto.”
Violência
A estimativa é de que 2.500 soldados americanos estejam no Afeganistão. Firmado, no Catar, em fevereiro de 2020, o acordo entre a administração Trump e o Talibã prevê a retirada das tropas em troca de garantias de segurança e do compromisso dos insurgentes de dialogar com o governo de Cabul. As negociações de paz, porém, avançaram pouco. Os principais centros urbanos do Afeganistão são palco de frequentes atentados mortais. Os talibãs negam qualquer responsabilidade, mas o governo de Ashraf Ghani garante que eles são os culpados.
Questionado sobre o possível não cumprimento do Talibã, Lloyd Austin disse que o alto índice de violência no país é óbvio. “Nós realmente gostaríamos de ver essa violência diminuir. E eu acho que, se ela diminuir, pode começar a estabelecer as condições para algum trabalho diplomático realmente frutífero.” Washington planeja incentivar o processo político e fazer com que o Talibã e o governo afegão aceitem alguma forma de divisão do poder.