Brazzaville, Congo -Os habitantes da República do Congo vão às urnas neste domingo (21), privados de internet, para uma eleição em que o presidente Denis Sassou Nguesso busca a reeleição já no primeiro turno.
Na abertura das assembleias de voto às 07h00 (03h00 de Brasília), o acesso à internet estava interrompido há várias horas, constataram jornalistas da AFP. Ao contrário de 2016, as comunicações telefônicas estavam funcionando.
Em várias partes do país a votação para escolher entre os sete candidatos à presidência começou atrasada.
"Viemos votar para trazer mudanças ao nosso país e cumprir nosso dever cívico", disse à AFP Simon Mountandi, um funcionário público de 50 anos, ao sair de um centro de votação na capital.
Outro eleitor, que quis permanecer anônimo, se deslocou em vão. "Meu nome não está nas listas no colégio eleitoral. É lamentável", afirmou.
O presidente de 77 anos, 36 deles no poder, busca, como anuncia sua propaganda eleitoral, "um nocaute". Ele já foi reeleito três vezes desde 2002 e quer um novo mandato de cinco anos.
Durante uma campanha sem intercorrências, estabeleceu suas duas prioridades: a juventude e o desenvolvimento agrícola, para romper com a economia do petróleo e a dependência das importações.
- "Lutando contra a morte" -
Seu principal rival e adversário de longa data Guy-Brice Parfait Kolelas apareceu acamado em um vídeo transmitido no sábado.
"Meus queridos compatriotas, lutando contra a morte, peço que se levantem. Votem pela mudança. Assim, não terei lutado em vão", disse, debilitado, ao tirar a máscara respiratória.
Na sexta-feira, Kolelas, de 60 anos, testou positivo para a covid-19. Neste domingo, será levado para a França, ex-potência colonial, segundo seu gerente de campanha, Cyr Mayanda.
A mensagem do candidato data de sexta-feira, quando não realizou seu último comício em Brazzaville, confirmou a AFP.
Outro candidato da oposição, o ex-ministro das Finanças Mathias Dzon alertou na RFI que pode não aceitar os resultados oficiais porque a comissão eleitoral é "partidária".
"A única incerteza é qual pontuação Sassou vai pedir à comissão eleitoral", afirmou ironicamente o romancista congolês Emmanuel Dongala, contatado pela AFP, de sua residência nos Estados Unidos.
Os opositores já denunciaram a votação antecipada de membros das forças de segurança (entre 55 e 60 mil), uma fonte de potenciais fraudes, segundo eles.
E as autoridades negaram à Conferência Episcopal o credenciamento de observadores nas seções eleitorais.
Um ativista de direitos humanos, Alexandre Dzabana, foi preso dez dias antes das eleições e um jornalista da RFI foi declarado persona non grata para cobrir as eleições.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu a "todos os interessados que trabalhem por um processo eleitoral pacífico" no país, também conhecido como Congo-Brazzaville.
O pastor Ntumi, que liderou a rebelião após questionadas eleições de 2016, desejou que as eleições ocorressem "em paz, transparência e respeito pelas regras do jogo".
Sassou Nguesso chegou ao poder em 1979, mas foi derrotado por Pascal Lissouba nas primeiras eleições pluralistas de 1992.
Mas este raro exemplo de alternância pacífica na África Central terminou em 1997 com o retorno ao poder de Sassou Nguesso, após uma guerra civil contra as forças de Lissouba.
Em 2015, ele remodelou a Constituição que limitava o número de mandatos presidenciais a dois.
No ano seguinte, estourou a violência pós-eleitoral.
Em 2017, pessoas próximas ao presidente congolês foram acusadas na França de "lavagem de dinheiro público ou peculato".