Uma centena de mães de famílias se manifestaram neste sábado (20/3) na capital libanesa, Beirute, contra a classe governante, em um país mergulhado em uma profunda crise econômica e política.
“Vocês roubaram nosso dinheiro e o futuro de nossos filhos”, diziam vários dos cartazes carregados pelas mulheres, vestidas de preto ou branco, e algumas acompanhadas de seus filhos.
Neste domingo, é celebrado o Dia das Mães no Líbano, e uma faixa proclamava: "O presente mais lindo é que vocês partam."
A passeata saiu da simbólica avenida "Bechara el Khoury", localizada na antiga linha de demarcação que separava a capital durante a guerra civil (1975-1990) e atravessou vários bairros até o porto de Beirute, epicentro de uma explosão que deixou mais de 200 mortos em agosto, atribuída à negligência das autoridades.
"Eles são todos criminosos de guerra, senhores da guerra", declarou Nada Agha à AFP, referindo-se aos líderes atuais, vários dos quais lideraram milícias armadas durante a guerra civil.
Para Petra Saliba, uma manifestante na casa dos 50 anos, "não há solução possível enquanto eles permanecerem no poder". "Queremos destruí-los assim como eles nos destruíram", acrescentou.
Desde o outono de 2019, o Líbano tem enfrentado uma crise financeira inédita que levou os bancos a impor restrições draconianas aos clientes.
A moeda nacional perdeu quase 90% de seu valor no mercado negro e dezenas de milhares de pessoas perderam seus empregos. Segundo a ONU, 55% dos mais de quatro milhões de libaneses vivem abaixo da linha da pobreza.
O atual governo renunciou em agosto após a explosão. No entanto, desde então não foi formado nenhum novo Executivo.