CONSEQUÊNCIAS

BID prevê difícil recuperação econômica na América Latina após pandemia

Segundo o relatório, a América Latina crescerá 4,1% em 2021 depois de cair 7,4% no ano passado, quando houve o pior colapso anual já registrado desde 1821

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) previu neste sábado (20/3) uma difícil recuperação para a economia da América Latina e do Caribe devido ao desastre causado pela pandemia, que agravará a pobreza no continente.

“A região sairá da crise com maior endividamento, mais pobreza e aumento da desigualdade de renda”, disse em relatório o organismo multilateral, que se reúne na Colômbia desde quarta-feira para sua assembleia anual.

Segundo o relatório, a América Latina crescerá 4,1% em 2021 depois de cair 7,4% no ano passado, quando houve o pior colapso anual já registrado desde 1821. E "espera-se que essa expansão se desacelere para 2,5% ao ano em 2022 e anos seguintes", acrescentou.

O "choque" gerado pelo desemprego em massa aumentará a pobreza extrema, que saltará de 12,1% para 14,6%, alerta o BID, e os países dependentes do turismo e da exportação de matérias-primas estarão particularmente expostos ao perigo.

Além disso, esta previsão vai depender “da capacidade de vacinação” dos países e do fato de não serem impostas novas restrições que “tenham um impacto adicional na actividade econômica”, afirma o relatório.

Caso contrário, um cenário negativo - baseado no menor crescimento econômico nos Estados Unidos e na Europa, novos surtos de vírus e uma implementação lenta da imunização - "desaceleraria o crescimento para apenas 0,8% em 2021", - 1,1% em 2022 e 1,8% em 2023 , disse o organismo.

Desde antes da chegada da covid-19, “a região já vinha perdendo fôlego em termos de participação no PIB global e a pandemia apenas reforçou essa tendência”, afirma o relatório.

O continente foi um dos mais atingidos pela pandemia. Com apenas 8% da população mundial, a América Latina e o Caribe registram cerca de 25% de todas as mortes por coronavírus (733.000).

Para evitar um cenário catastrófico, o BID insta os países a empreenderem reformas fiscais urgentes que melhorem a eficiência dos gastos, ampliem a base tributária, combatam a evasão fiscal e reduzam a informalidade, entre outras medidas.

Também pediu medidas para melhorar a produtividade, impulsionar as cadeias de valor regionais, promover a economia digital e a criação de empregos, sem sacrificar o objetivo de desacelerar as mudanças climáticas que particularmente ameaçam a região.

O relatório foi apresentado no âmbito da sexagésima primeira reunião de governadores do BID na cidade de Barranquilla.

A cidade caribenha sediará o evento até domingo, inicialmente previsto para março de 2020, mas que foi adiado duas vezes por conta da pandemia e recebe os 48 países membros de forma semivirtual, sem participação da imprensa.