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Impedida de entrar em Havana, jornalista cubana pede refúgio na Costa Rica

Karla estudava jornalismo na Costa Rica desde 2017 e, após terminar o curso e seu visto expirar, voltou para seu país natal

Impedida na quinta-feira (18) de embarcar em um voo para Havana, a jornalista cubana Karla Pérez teve de retornar à Costa Rica, país onde estudava desde 2017, para solicitar refúgio.

"Sou solicitante de refúgio neste momento. Terei entrevistas e se decidirá se mereço, ou não, o refúgio", disse Karla, de 22 anos, ao chegar ao aeroporto Juan Santamaría, que atende San José, capital do país.

Karla estudava jornalismo na Costa Rica desde 2017 e, após terminar o curso e seu visto expirar, voltou para seu país natal. Disse que sempre teve a intenção de retornar para Cuba.

Ela retomou os estudos na Costa Rica, após ser expulsa da Universidade de Las Villas, na província cubana de Villa Clara, segundo seu relato, por ter participado de um blog crítico ao governo.

Enquanto estudava, foi estagiária no jornal costa-riquenho El Mundo. Também colabora com o portal ADN Cuba, crítico do Partido Comunista (PCC), único do território.

O exercício do jornalismo local independente, ou fora da regulamentação estatal, não tem reconhecimento legal na ilha. De acordo com o governo cubano, estas iniciativas, muitas delas financiadas por entidades estrangeiras críticas ao governo, buscam desestabilizar o país.

A diretora de Comunicações da Chancelaria cubana, Yaira Jiménez, afirma que o ADN Cuba é apoiado pelo National Endowment for Democracy (NED), "uma agência financiada pelos Estados Unidos".

A travessia 

O voo, que partiu de San José, fez escala no aeroporto de Tocumen, no Panamá, para transbordo. Pérez contou que, neste momento, a companhia aérea a convocou pelos alto-falantes do terminal.

"Um funcionário da Copa [Airlines, companhia pela qual viajava] me disse que, não por questão de companhia aérea, nem por exigências legais, a Migração cubana ordena que está proibida minha entrada no meu país", disse Karla Pérez.

Por isso, ela teve de voltar para San José. Pessoas próximas a ela solicitaram ao Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica que permitisse sua entrada, apesar de seu visto de estudante já ter expirado. "Voltar ao país é um direito humano", tuitou o diretor da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, que condenou" este "abuso gravíssimo".

"Claro que quero voltar para Cuba, mas, sendo realista, não acho que exista essa oportunidade", afirmou Pérez. "Meu maior sonho é me reunir com minha família, não me importa onde", acrescentou. Seus pais e sua irmã vivem na ilha.