O opositor russo Alexei Navalny declarou nesta segunda-feira (15) que está preso em um "campo de concentração", em uma mensagem em sua conta no Instagram confirmando seu local de detenção após vários dias de incerteza.
"Devo admitir que o sistema penitenciário russo conseguiu me surpreender. Não pensei que pudéssemos construir um campo de concentração a 100 km de Moscou", escreveu o militante.
Ele informou que cumpre sua pena de dois anos e meio de prisão na colônia penal nº2 nos arredores da cidade de Pokrov, na região de Vladimir. Sua mensagem foi acompanhada por uma foto antiga sem data, mostrando-o com a cabeça raspada.
"Três coisas continuam a me surpreender: o céu estrelado acima de nós, o imperativo categórico (lei moral de que todas as máximas são universais e incondicionais) no fundo de cada um e a incrível sensação de passar a mão sobre a cabeça raspada", disse o opositor de 44 anos.
Ele acrescentou que todos os seus gestos são registrados por câmeras: "Todos estão sob vigilância e a menor infração dá origem a uma denúncia".
Há vários dias, os advogados de Navalny tentavam localizar seu local de detenção, depois de sua transferência no final de fevereiro, após sua condenação em apelação.
Cercado por um muro alto com arame farpado no topo, a prisão em que ele se encontra foi descrita como particularmente dura por ex-presidiários.
O opositor Konstantin Kotov, que passou mais de um ano lá, descreveu um ambiente no qual os detidos praticamente não têm tempo livre e estão completamente isolados do mundo exterior.
Preso em janeiro ao retornar a Moscou após cinco meses de convalescença na Alemanha após um envenenamento do qual acusa o Kremlin, Navalny é alvo de vários processos judiciais que considera de natureza política.
Ele foi condenado em um caso de fraude em 2014 que ele, ONGs e muitas capitais ocidentais acreditam ser político.
Navalny entrou em coma repentinamente em agosto passado, durante uma turnê eleitoral na Sibéria. Após ser transferido de emergência para a Alemanha, três laboratórios europeus disseram que o opositor havia sido envenenado com um agente nervoso, o Novichok, desenvolvido na época soviética.
Desde então, ele e sua comitiva acusam uma equipe dos serviços de segurança russos (FSB) de ter estado na origem desse envenenamento por ordem do presidente Vladimir Putin, o que as autoridades russas negam veementemente, tendo avançado versões diferentes para explicar a súbita doença do adversário político.