Mais de 5.000 salvadorenhas se manifestaram neste domingo (7) para exigir a descriminalização do aborto e denunciar as violações de seus direitos, na véspera do Dia Internacional da Mulher.
Com bandeiras, chapéus para proteger-se o sol, bandas de música e coreografias no meio da rua, a manifestação saiu do Parque Cuscatlán, na parte oeste de San Salvador, e terminou na praça central Gerardo Barrios.
"Fomos às ruas para exigir que o aborto fosse descriminalizado porque há muitas injustiças e muita ingratidão", afirmou Sonia Martínez, de 67 anos, à AFP.
O Código Penal de El Salvador estabelece pena de dois a oito anos de prisão por aborto, mas promotores e juízes costumam classificar os casos de perda do bebê como "homicídio agravado", crime punível com penas de 30 a 50 anos na prisão.
Uma das manifestantes, Ivys Gutiérrez, de 32 anos, segurava nas mãos a silhueta negra de uma mulher para simbolizar a violência enfrentada pelas encarceradas por abortar, seja até porque a gravidez coloca sua vida em risco.
"Neste dia, marchamos por todas as mulheres vítimas de violência, (e) especialmente as mulheres privadas de liberdade que são, em sua maioria, inocentes e vítimas de prisões ilegais", declarou Gutiérrez.
A coordenadora do Grupo de Cidadãs pela Descriminalização do Aborto Terapêutico, Ético e Eugenésico (ACDATEE), Morena Herrera, garantiu que devido à "severa" legislação contra o aborto, 18 mulheres continuam presas em El Salvador.
"O aborto é um problema de saúde pública e também um problema de injustiça social, porque a forma como é tratado atinge mais as mulheres pobres", explica Herrera em entrevista à AFP.
Durante a manifestação, a polícia tentou prender uma ativista, mas a "reação oportuna" das manifestantes lhes impediu, relata Herrera, ex-guerrilheira e atualmente líder feminista.
O ato, que foi seguido de perto pela Polícia, segundo a organização do Coletivo Feminista, terminou de forma pacífica.