Poucas pessoas sabem, mas em 7 de março de 1876, há exatos 145 anos, um inventor revolucionário estava recebendo a patente da sua nova criação que mudaria para sempre a maneira como as pessoas se comunicariam. Este era Alexander Graham Bell (1847-1922), um jovem cientista norte-americano de origem escocesa, de 29 anos, e conhecido como pai do telefone.
A invenção foi registrada horas antes do estudioso e engenheiro eletricista Elisha Gray, que é considerado, por alguns autores, como o verdadeiro inventor do telefone. O aparelho é, na verdade, o assunto central de uma grande controvérsia envolvendo questões jurídicas acerca da patente, conforme elucidado pelo escritor e historiador A Edward Evenson no livro A conspiração da patente do telefone de 1876.
“Uma enxurrada de ações judiciais seguiu-se à questão da patente; a certa altura, o governo tentou anular a patente de Bell e lançou uma investigação sobre como ela foi concedida [...] Mais do que apenas um conto de rivalidade entre dois inventores, é a história de como um pequeno grupo de homens fez da patente de Bell a pedra angular de um monopólio telefônico emergente”, pontua Evenson na publicação.
Apesar de todo o imbróglio na busca pelos direitos do aparelho pelos dois arquirrivais, em 11 de junho de 2002, o italiano Antonio Meucci foi reconhecido como o verdadeiro inventor do telefone pelo Congresso dos Estados Unidos, por meio da resolução N°. 269. Meucci vendeu o protótipo do aparelho a Bell na década de 1870.
Em 1856, Antonio Meucci construiu um telefone eletromagnético – que denominou telettrofono – para conectar o escritório ao quarto, já que a esposa sofria de fortes dores por causa do reumatismo.
Porém, devido a dificuldades financeiras, Meucci conseguiu pagar apenas por uma espécie de “patente provisória” para o teletrofone. Ele, à época, chegou a enviar o projeto do aparelho para a empresa de telégrafos Western Union, que não demonstrou interesse.
Quando Meucci exigiu a devolução do protótipo, em 1874, alegaram que os documentos haviam sido perdidos. Dois anos mais tarde, em 1876, Alexander Graham Bell, que havia dividido um laboratório com Meucci, conseguiu obter a patente do telefone e fez um negócio lucrativo com a empresa que havia desprezado Meucci.
Meucci, então, processou Bell e, quando estava próximo da vitória, acabou falecendo em 1889, e o caso foi encerrado. Por isso, o reconhecimento de Antonio Meucci como o verdadeiro inventor do percussor do atual telefone veio de forma póstuma.
A origem
Historicamente, acreditava-se que a invenção do telefone teria acontecido de maneira acidental por Graham Bell na tentativa de aperfeiçoar as transmissões do telégrafo, que possui conceitos estruturais muito semelhantes.
Ao telégrafo, contudo, era possível a transmissão de apenas uma mensagem por vez. Tendo bons conhecimentos de música, Graham Bell percebeu a possibilidade de transmitir mais de uma mensagem ao longo do mesmo fio de uma só vez na concepção de "telégrafo múltiplo".
As experiências foram apoiadas por um auxiliar, Thomas Watson, que teria sido o primeiro a ouvir uma voz humana pelo dispositivo denominado telefone em junho de 1875. O sucesso foi marcado em 10 de março de 1876, conhecido como o Dia do Telefone. As primeiras palavras transmitidas por Graham Bell foram: "Senhor Watson, venha cá. Preciso falar com o senhor", após um acidente no laboratório.
No ano seguinte, Graham Bell fundou a Companhia Telefônica Bell que se tornou a American Telephone & Telegraph, a maior companhia telefônica do mundo.
Mas atualmente, sabe-se que o telefone, na verdade, foi pensado enquanto Meucci pesquisava os efeitos das descargas elétricas no corpo humano, quando se descobriu a possibilidade de transmitir sons por meio de cabos telegráficos.
O italiano pretendia utilizar a invenção como forma de tratamento à base de choques elétricos para curar doenças como o reumatismo, da qual sofria a esposa. Em Havana, ao preparar-se para aplicá-lo, ouviu a voz do paciente, em outro quarto, através de uma peça de fio de cobre que os conectava, quando, enfim, percebeu que tinha ali algo mais importante que qualquer descoberta anterior
A primeira demonstração pública registrada do teletrofone ocorreu em 1860 e teve sua descrição publicada num jornal de língua italiana de Nova York.
O documento de 2002 expedido pelo Congresso dos Estados Unidos, além de reconhecer Antonio Meucci como o verdadeiro inventor do equipamento, se refere a patente depositada por Bell como “baseada em fraude e declarações falsas".
Evolução do telefone
Quase 20 anos depois do registro da patente pelo cientista Graham Bell, o padre católico, cientista e inventor brasileiro, Roberto Landell de Moura, realizava a primeira transmissão de voz em telefonia sem fio, o que daria origem, também, ao rádio. As pesquisas de Moura o colocam como um dos primeiros a conseguir a transmissão de som e sinais telegráficos sem fio por meio de ondas eletromagnéticas. Em 1904, o inventor recebeu uma patente para o telefone sem fio nos Estados Unidos.
A primeira chamada por meio do celular foi feita em 1973, em Nova York, pelo engenheiro Martin Cooper, conhecido como o criador do aparelho.
"Para o público, parecia algo de ficção científica. Estávamos amarrados a um cabo em casa ou no escritório por cem anos", lembra Cooper, em entrevista à BBC. "No entanto, nós pensávamos que as pessoas eram fundamentalmente móveis e queriam estar conectadas em qualquer lugar que estivessem.
Por isso precisaríamos criar um aparelho nunca feito antes...e tivemos que fazer isso em um prazo de três meses”. O pesquisador trabalhava na gigante Motorola, que na época era uma pequena operadora do mercado americano de telecomunicações.
O engenheiro se inspirou num pequeno rádio usado no pulso pelo detetive Dick Tracy, da série de quadrinhos americanos, para criar o celular.
Em 1978, no Japão, foi ativada a telefonia móvel de celular. No Brasil, 20 anos depois, em 1998, ocorreu a ativação dos primeiros celulares em São Paulo.
História do telefone no Brasil
No Brasil, a primeira linha telefônica instalada foi por ordem o imperador Dom Pedro II em 1877. A linha interligava o Palácio da Quinta da Boa Vista às casas ministeriais.
Por muito tempo, apenas as pessoas mais ricas no país detinham do aparelho em casa.
Diminuição de linhas de telefone fixo
Mais de um séculos depois, o telefone não só se popularizou na casa dos brasileiros como, atualmente, vem perdendo cada vez força com o advento dos smartphones.
De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em maio de 2020 havia 31,7 milhões de linhas fixas no Brasil ante 35,8 milhões no mesmo período de 2019, demonstrando uma queda de 11%.
As linhas móveis também tiveram queda, mas de apenas 1,4%, saindo de 228,6 milhões em maio de 2019 para 225,3 milhões em 2020.
Analisando a última década, o número de telefones fixos caiu 24,7%, variando de 42,1 milhões no final de 2010, para 44 milhões em dezembro de 2014 e despencando para os 31,7 milhões em 2020.
Para analistas, o declínio do telefone fixo só não é maior devido a operadores que oferecem planos relativamente vantajosos para quem assina o combo da TV por assinatura, telefone fixo e internet.
Revolução da 5G
Em julho de 2022, a tecnologia do 5G deve chegar às capitais brasileiras. "Quando a gente fala em 5G, só vendo acontecer para entender a sua grandiosidade. Era algo que a gente via apenas na indústria cinematográfica e, em breve, estará disponível a todos os brasileiros. Teremos o 5G standalone funcionando a partir de julho do ano que vem. E vai ser uma grande revolução para o nosso país”, afirmou o ministro das Comunicações, Fábio Faria.
O 5G é a quinta geração da tecnologia de rede de telefonia móvel. Ela foi criada para ampliar ou até mesmo substituir as redes de celulares 4G.
Cada geração é definida por fatores como a tecnologia usada, o tempo entre o envio e o recebimento de um sinal (latência) e a velocidade da transmissão de dados de uma rede para os dispositivos conectados.
A tecnologia 5G oferecerá mais flexibilidade e maior capacidade para os aplicativos de realidade aumentada, realidade virtual e carros autônomos, por exemplo.
As novas redes estão sendo projetadas para fornecer taxas de dados de pico de até 20 Gbps com base nos requisitos IMT-2020, latência reduzida, confiabilidade e melhor cobertura em áreas remotas.
Será, então, o fim do telefone fixo?
As empresas de telecomunicações investiram muito em fibra ótica e banda larga por linhas fixas, então, não. Os serviços de banda larga fixos ainda reinarão por muitos anos em lares e escritórios. Por mais que a conexão sem fio seja boa, muitos preferem a estabilidade e segurança dos cabos. A tecnologia 5G virá como um serviço complementar.