Acidente

Julgamento por acidente do voo Rio-Paris em 2009 será debatido na quinta

No dia 1 de junho de 2009, um Airbus A330 que viajava entre Rio de Janeiro e Paris caiu no Oceano Atlântico. Todos os passageiros e membros da tripulação - 228 pessoas de 34 nacionalidades diferentes - morreram no acidente

Acontecerá um julgamento contra a Air France e a Airbus pelo acidente aéreos do voo Rio-Paris de 2009? A Procuradoria Geral e os parentes das vítimas tentarão convencer na quinta-feira (4) o tribunal de apelações de Paris a cancelar um arquivamento concedido à companhia aérea e à fabricante de aviões.

A decisão da corte, que não será revelada antes de várias semanas, será fruto de debates que acontecerão a portas fechadas na quinta-feira na capital francesa, quase 12 anos depois do acidente do voo AF447.

No dia 1 de junho de 2009, um Airbus A330 que viajava entre Rio de Janeiro e Paris caiu no Oceano Atlântico. Todos os passageiros e membros da tripulação - 228 pessoas de 34 nacionalidades diferentes - morreram no acidente, o pior na história da companhia francesa.

Em agosto de 2019, depois de uma década de investigações e batalhas de especialistas sobre as causas da tragédia, juízes de instrução franceses ordenaram o fim dos processos contra Airbus e Air France, que haviam sido acusadas em 2011 por "homicídio culposo".

O Ministério Público francês, no entanto, se pronunciou a favor de um julgamento contra as duas empresas.

"Começávamos a perder a esperança e agora vemos a possibilidade de um julgamento", afirmou à AFP Danièle Lamy, presidente da associação 'Entraide et Solidarité AF447' (Ajuda e Solidariedade AF447).

Alain Jakubowicz, um dos advogados da associação, que reúne quase todos os parentes das vítimas francesas, agradeceu "o apoio jurídico e moral muito valioso" do MP.

"Nesta fase, não se trata de decidir se Airbus ou Air France são culpados, e sim sobre os indícios que justificam a realização de um julgamento. É tudo o que as famílias pedem: um debate do contraditório", disse.

- "Erros de pilotagem" -


No documento de 29 de agosto de 2019, os magistrados consideraram que o acidente se explicava "obviamente por uma combinação de elementos que nunca haviam acontecido e que, portanto, evidenciam perigos que não haviam sido percebidos antes".

As investigações "não levaram à caracterização de falha da Airbus ou Air France em relação (...) com os erros de pilotagem (...) na origem do acidente", consideraram.

Segundo os relatórios dos peritos, o congelamento durante o voo das sondas de velocidade Pitot provocaram uma perturbação nas medições de velocidade do Airbus A330 e desorientou os pilotos, que perderam o controle do avião.

O MP, porém, considera que a companhia "cometeu negligência e imprudência" ao não divulgar a seus pilotos informações suficientes sobre o procedimento a adotar em caso de anomalias relacionadas com as sondas, que permitem controlar a velocidade do avião, após vários incidentes do mesmo tipo nos meses anteriores.

No que diz respeito a Airbus, o Ministério Público considera que a fabricante europeia subestimou "a periculosidade dos incidentes anemométricos após o congelamento das sondas", segundo o jornal Le Parisien.

Após a denúncia da Air France e da Airbus em 2011, as investigações foram prolongadas por uma batalha entre peritos, contestada pelas partes civis que os acusavam de corporativismo por serem procedentes do mundo da aeronáutica.

Enquanto um primeiro relatório de 2012 havia concluído que aconteceram falhas da tripulação, problemas técnicos e falta de informação dos pilotos sobre o congelamento da sonda, um contra-relatório, solicitado pela fabricante, apontou uma "reação inadequada da tripulação" e falhar da Air France.

As partes civis conseguiram a anulação desta segunda avaliação e a reabertura do inquérito. Mas uma terceira e última avaliação de especialistas, em 2017, também destacou "ações inapropriadas na pilotagem manual" e tendeu a isentar a Airbus.