O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta terça-feira (23) a proibição de fuzis e solicitou ao Congresso que regule a posse de armas, após um tiroteio que deixou 10 mortos no estado do Colorado, o segundo massacre desse tipo em menos de uma semana.
O ataque, ocorrido nesta segunda-feira em um supermercado na cidade de Boulder, ocorreu dias depois que um homem matou oito pessoas em várias casas de massagem asiáticas localizadas em Atlanta, Geórgia, uma sequência que gerou apelos urgentes para que o governo democrata e os legisladores atuem.
Identificado como Ahmad Alissa, o suspeito pelo tiroteio no supermercado ficou com a perna ferida e está hospitalizado. Sua condição é "estável" e ele deve ser transferido para a prisão em pouco tempo, disse a chefe de polícia de Boulder, Maris Herold, em entrevista coletiva. "Ele é acusado de 10 homicídios", afirmou.
As motivações desse homem de 21 anos, descrito por conhecido como "antissocial" e "paranóico", ainda são desconhecidas. As autoridades descobriram que ele comprou uma arma semiautomática Ruger AR-556 menos de uma semana antes do atentado. Todas as vítimas, incluindo um policial, foram identificadas e tinham idade entre 20 e 65 anos.
Biden ordenou que as bandeiras sejam hasteadas a meia haste em todos os prédios públicos. "Não preciso esperar nem mais um minuto, menos ainda uma hora, para tomar medidas de bom senso que salvarão vidas no futuro e para exortar meus colegas na Câmara e no Senado a agirem", disse Biden. “Também devemos proibir os fuzis de assalto”, acrescentou.
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, mais tarde se referiu a diferentes mecanismos para fortalecer o controle de armas de fogo e responder de forma mais geral à "violência na população". Isso poderia acontecer, segundo ela, por "ações do Executivo", e não apenas por um processo legislativo.
'Temos que sair daqui'
O suspeito é acusado de matar 10 pessoas na tarde de segunda-feira nos arredores de um supermercado King Soopers em Boulder. Imagens transmitidas ao vivo mostravam um homem, vestindo apenas shorts esportivos e com mãos algemadas atrás das costas, sendo conduzido para fora da loja por policiais. Segundo os investigadores, ele tirou a roupa antes de se entregar aos policiais de elite que entraram no estabelecimento.
Testemunhas afirmaran que inicialmente ouviram vários tiros no estacionamento do supermercado, onde Ahmad Al Aliwi Alissa supostamente matou um homem com vários tiros antes de seguir ato interior após a chegada da polícia.
Nevin Sloan, que escapou por pouco com sua esposa Quinlan, descreveu o pânico crescente conforme os disparos se aproximavam.
"De repente, ouvimos mais 'bang, bang, bang, bang'. Corri até ela [sua esposa] e disse: 'Temos que sair daqui'", contou ele à CBS. Depois eles ainda ajudaram outros clientes a fugir por uma saída de emergência, afirmou.
Tragédias no Colorado
Esses tipos de tiroteios, especialmente em escolas, shopping centers e locais de culto, são um mal recorrente nos Estados Unidos que sucessivos governos não conseguiram erradicar.
"Deveríamos ser capazes de comprar comida sem medo... Mas nos Estados Unidos, não podemos", lamentou o ex-presidente Barack Obama na terça-feira, que pediu em um comunicado a superação "da oposição de políticos covardes e da pressão do lobby das armas".
“É necessário agir agora para evitar que este flagelo continue a pesar sobre nossas comunidades”, afirmou a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.
O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, denunciou por sua vez "uma epidemia contínua de violência armada que rouba vidas inocentes com uma regularidade alarmante". No entanto, é improvável que a legislação regulatória seja aprovada no Senado, onde são necessários pelo menos nove votos republicanos.
O Colorado foi palco de dois dos piores massacres da história dos Estados Unidos. Em 1999, dois adolescentes mataram 12 colegas de classe e um professor em uma escola de ensino médio em Columbine. E em 2012, um homem fortemente armado matou outras 12 pessoas em um cinema de Aurora.
A cidade de Boulder - de cerca de 110.000 habitantes localizada 50 quilômetros a noroeste de Denver, capital do Colorado - impôs uma proibição aos fuzis após o massacre de Parkland na Flórida em 2018, que teve 17 vítimas fatais. Mas na semana passada, um juiz bloqueou esse veto, relatou o The Denver Post, uma decisão que foi celebrada pela National Rifle Association (NRA), um poderoso grupo de lobby pró-armas.
Após o tiroteio, a NRA tuitou uma cópia da Segunda Emenda à Constituição, que garante o direito à posse de armas.
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