Não se pode dizer que algum país no mundo venceu o novo coronavírus. Mas é possível notar diferenças nos resultados alcançados devido à forma de tratamento da doença entre as nações. O Brasil, por exemplo, é o segundo do mundo com o maior número de infecções e mortes pela doença. E, mesmo com uma grande população, que explica em parte a letalidade, está a 20 dias consecutivos batendo os próprios recordes em médias de mortes. Até o momento, quase 285 mil pessoas perderam a vida pela covid-19 no país.
Em meio à maior crise sanitária da história brasileira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez questionamentos nesta quinta-feira (18/3) sobre quais países no mundo estão tratando ao coronavírus de forma eficaz. “Me apresente um país onde está dando certo o combate à covid. Não tem”, afirmou a apoiadores. Na ocasião, o presidente também declarou que “em todo lugar está morrendo gente”, e disse não ter de onde comprar vacinas.
Apesar das dificuldades encontradas pelo país, a situação poderia ser diferente se houvesse maior investimento na ciência — para garantia de pesquisas que atendessem mais rapidamente a pandemia — e no Sistema Único de Saúde (SUS), além de melhor gestão da crise. É o que aponta Jonas Brant, médico epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB). “Sem dúvida nenhuma o Brasil poderia estar muito melhor nessa pandemia”, diz.
“Quem tem segurado a crise tem sido o SUS, mas no ponto de vista da gestão da crise, está muito mal. Não se tem estratégia de comunicação. Não tem estratégia clara de comando único e não se tem estratégia clara de apoio social e econômico. As coisas estão ocorrendo em medidas emergenciais”, declara.
O epidemiologista também cita outros países que estão com uma atuação mais positiva frente à crise. “A gente tem muitos países com resultados melhores em termos de resposta. Podemos citar a China, Vietnã, os países do sudeste asiático, de maneira geral, têm respondido muito melhor que o Brasil, porque eles tiveram a epidemia da Sars e isso serviu como lição”, aponta.
“A gente vê a própria Índia como centro de produção de vacina no mundo. A China e a África do Sul estão se posicionando bem. A vacina Russa. Os BRICs tiveram um apoio importante na articulação da pesquisa, enquanto o Brasil não conseguiu se colocar nessa posição nem se defender para garantir o acesso à vacina aos mais pobres”, compara.
Jonas Brant ainda explica que, mesmo o Brasil apresentando um índice de letalidade inferior a outros países — que o coloca na 24º posição do ranking em mortes para cada 1 milhão de pessoas —, a característica das populações deve ser levada em conta: "A população deles é mais velha que a nossa. Isso faz com que seja muito mais desafiador lidar com a pandemia. Temos uma população relativamente jovem”.
Outros países
Levantamento do Correio elenca algumas nações que apresentam bons resultados no combate à covid-19. As informações referentes a casos e mortes de covid foram retiradas da plataforma Worldometers. As de vacinação, do Our World em Data. Confira a seguir como alguns países têm lidado com a doença:
Nova Zelândia
País que ficou conhecido pelas políticas rígidas de isolamento para frear o avanço do coronavírus, a Nova Zelândia registrou, desde o início da pandemia, 2.434 casos e 26 mortes. Mesmo com uma população pequena, com pouco mais de 5 milhões de pessoas, os números representam um bom desempenho se comparado a, por exemplo, o Distrito Federal.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou em 2021, que o DF tem uma população estimada de 3,055 milhões de habitantes. Até esta quinta-feira (18/3), a capital registrou 322.686 casos e 5.206 mortes pela doença.
Chile
Primeiro país a ter dado início à vacinação contra covid-19 na América do Sul, o Chile atingiu nesta quarta-feira (17/3) a marca de 5 milhões de pessoas que receberam alguma das doses contra o coronavírus. O país é o 23º do mundo com maior número de casos registrados da doença e tem 21.988 mortes por covid.
Israel
Com 9,56 milhões de doses de vacinas aplicadas contra a covid, Israel é o país que mais imunizou a população em quantidade relativa. No local, foram aplicadas mais doses que a própria população. O país é o 25º em números de casos por covid: 825.562, e registra 6.069 mortes.
Israel investiu tanto em imunizantes quanto no isolamento social e em medidas de controle do contágio, como campanhas para o uso de máscaras.
China
O país onde foi registrado o primeiro caso de coronavírus registra 90.072 infecções pela doença e 4.636 mortes. O local também aplicou restrições rígidas para controle da circulação de habitantes e registra 64,98 milhões de doses de vacinas aplicadas à população.
Vietnã
Com uma população de 97,96 milhões de pessoas, o Vietnã registra 2.570 casos e 35 mortes por covid. Até o momento, o país aplicou pouco mais de 24 mil doses de vacina.
Reino Unido
Com 39,82% da população vacinada com ao menos uma dose de algum imunizante, o Reino Unido registra 4.280 milhões casos de covid e 125.926 mortes. A imunização começou em 4 de janeiro, com a vacina de Oxford, produzida nacionalmente pela farmacêutica AstraZeneca. Graças ao avanço rápido da vacinação, o país agora consegue se planejar para, aos poucos, reduzir as medidas de isolamento. Ao menos três lockdowns foram decretados durante a pandemia para conter as infecções pelo vírus.
Austrália
A Austrália tem uma população de 25.709 milhões de pessoas e registrou 909 mortes por covid-19 desde o início da pandemia. Ao todo, 29.166 casos da doença foram registrados no país, que reforçou políticas de isolamento social. Em fevereiro deste ano, dois milhões de pessoas chegaram a enfrentar um lockdown de cinco dias após a identificação de um caso de covid na cidade de Melbourne.
Melhores e piores lugares para estar
Além dos países, um ranking sobre melhores e piores lugares para estar na "era do coronavírus", produzido pela agência de notícias Bloomberg, colocou o Brasil em um dos piores lugares da lista. Entre os 53 países analisados, o país aparece na 50ª posição.
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