O autor confesso dos tiroteios em três spas em Atlanta foi indiciado por homicídios nos ataques da última terça-feira (16), que deixaram oito mortos e espalharam pânico na comunidade asiática nos Estados Unidos.
Robert Aaron Long, um homem branco de 21 anos, aparentemente negou quaisquer motivos racistas e se apresentou como um "viciado em sexo" ansioso para acabar com "uma tentação", disse o capitão Jay Baker, porta-voz do condado de Cherokee, onde o atirador foi preso.
Os investigadores acreditam, no entanto, que é prematuro se pronunciar sobre o verdadeiro motivo do massacre. Seis de suas oito vítimas eram de origem asiática, quatro delas sul-coreanas. Sete eram mulheres.
Em todo país, foram prestadas homenagens, que serviram ao mesmo tempo de protesto pelo aumento dos ataques contra a comunidade asiática.
Sem se referir às investigações em andamento, o presidente Joe Biden destacou que "os americanos de origem asiática estão muito preocupados". "A violência" contra esta minoria é "muito preocupante", acrescentou.
A tragédia ocorreu em meio às denúncias por parte dessa comunidade, que afirma estar sofrendo um aumento nos ataques verbais e físicos desde o início da pandemia da covid-19. O novo coronavírus surgiu na China, no final de 2019.
Long, que admitiu os fatos, "deu a entender que tinha problemas com o vício em sexo e que pode ter frequentado vários desses lugares no passado", disse Baker.
O FBI pretende ajudar investigadores locais a verificar suas declarações, pesquisando nas redes sociais e questionando seus familiares. Enquanto isso, as atenções também se voltaram para Baker, que durante sua entrevista coletiva afirmou que Long tinha tido "um dia ruim".
Após essa declaração, o site Buzzfeed publicou uma mensagem supostamente da conta pessoal de Baker no Facebook, na qual ele aparece promovendo camisetas com uma frase que descreve a covid-19 como um "vírus importado" da China.
Rota mortal
O jovem, um cristão fervoroso e que adora armas, abriu fogo na terça à tarde em um spa em Acworth, a cerca de 50 km de Atlanta, deixando quatro mortos e dois feridos. A garçonete de um restaurante fast-food local que acabava de receber uma massagem com o marido é uma das vítimas.
Ele então atacou outros dois spas, localizados na grande cidade do sul dos Estados Unidos, ceifando mais quatro vidas. De acordo com os investigadores, ele pretendia continuar sua jornada assassina na Flórida.
Capturado por câmeras de vigilância e localizado graças ao seu telefone celular, ele foi preso após uma perseguição, mais de 240 km ao sul de Atlanta. A polícia anunciou na quarta-feira que ele havia sido acusado de assassinato, homicídio e agressão.
"Bodes expiatórios"
Na noite de quarta-feira, buquês de flores recordavam a tragédia na porta do Aromatherapy Spa, um dos estabelecimentos atacados, cujas placas de "aberto" e "boas-vindas" ainda estavam acesas.
"No ano passado, testemunhamos racismo, discriminações e um ressurgimento da violência contra os americanos de origem asiática, considerados bodes expiatórios da pandemia", lamentou Sam Park, representante da comunidade local.
Quase 70% das pessoas de origem asiática entrevistadas pelo Stop AAPI Hate foram vítimas de assédio verbal, e 10%, agredidas fisicamente entre março de 2020 e fevereiro de 2021, de acordo com um relatório desta associação publicado na terça-feira.
Segundo ativistas antirracistas, o ressentimento foi alimentado pelo discurso do ex-presidente Donald Trump, que frequentemente se referia ao coronavírus como um "vírus chinês".
Figuras da política e de outras esferas condenaram os ataques. "A identidade das vítimas ilustra um aumento preocupante da violência contra os asiáticos que deve acabar", tuitou o ex-presidente democrata Barack Obama.
A NBA e algumas de suas maiores figuras, como LeBron James, também condenaram a violência contra este setor da população na noite de quarta-feira. A estrela do Los Angeles Lakers denunciou o ataque como "simplesmente absurdo e trágico".
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