MIANMAR

ONU condena repressão, mas evita falar em golpe

Correio Braziliense
postado em 10/03/2021 21:49
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas condenou “firmemente”, ontem, a repressão em Mianmar, onde centenas de policiais e soldados lançaram uma operação em Yangon contra trabalhadores ferroviários em greve e oponentes da junta militar que depôs o governo, no mês passado. Embora com críticas à situação no país, o documento, adotado por seus 15 membros, não menciona a palavra “golpe” ou possíveis sanções.
Pouco após a divulgação do comunicado, porém, os Estados Unidos anunciaram o congelamento dos ativos dos dois filhos do chefe da junta militar de Mianmar, Min Aung Hlaing, no país. Washington explicitou tratar-se de uma medida “em resposta ao golpe” e “à matança brutal de manifestantes pacíficos”.
O documento da ONU, elaborado pelo Reino Unido, condena a “violência contra manifestantes pacíficos, incluindo mulheres, jovens e crianças”. O organismo pede às partes que “busquem uma solução pacífica” para a situação no país. Reclama ainda “libertação imediata de todos os detidos arbitrariamente” desde 1º de fevereiro, quando o governo civil de Aung San Suu Kyi foi derrubado.

Paralisações

Médicos, professores, funcionários de empresas de energia elétrica e das ferrovias pararam de trabalhar após o golpe de Estado. Os principais sindicatos convocaram a “paralisação total da economia” para tentar interromper as atividades no país e aumentar a pressão sobre os militares. Em reação à mobilização, a junta ordenou o retorno dos funcionários ao trabalho em 8 de março e ameaçou os grevistas de demissão e represálias.
Em meio a tudo isso, o país é cenário de protestos diários. Ontem, uma forte presença policial e militar foi visível em Yangon, onde barricadas improvisadas foram incendiadas por manifestantes. No bairro de Okkalapa, houve “centenas de detenções”, segundo um salva-vidas. “Alguns manifestantes foram espancados, há feridos”, acrescentou.
“Pedimos às forças de segurança que se retirem da área, libertem os detidos e permitam que as pessoas saiam com segurança”, tuitou a embaixada dos Estados Unidos, relatando que jovens estavam cercados nas proximidades da representação diplomática.
A despeito de toda essa mobilização, a junta parece mais determinada do que nunca a impor o regime, com operações em edifícios residenciais, hospitais, universidades, detenções em larga escala e o uso de munição letal.

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