Os militares de Mianmar tomaram o poder em 1º de fevereiro, prendendo a líder civil democraticamente eleita no país, Aung San Suu Kyi.
Enquanto os protestos continuam em todo o país, apesar da ameaça dos militares em relação ao uso de força mortal contra os manifestantes, aqui está uma cronologia dos eventos:
De volta ao passado
Os generais dão um golpe em 1º de fevereiro, prendendo a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Suu Kyi, e seus principais aliados políticos por meio de ações que ocorrem antes do amanhecer.
Termina ali a experiência de democracia de uma década em Mianmar, após quase meio século sob poder militar.
Os generais alegam fraude nas eleições de novembro, nas quais o partido Liga Nacional para a Democracia (NLD), de Suu Kyi, venceu de maneira esmagadora.
O golpe causa condenação global, desde o Papa Francisco ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Walkie-talkie
Dois dias depois do golpe, as autoridades apresentam uma obscura acusação contra Suu Kyi, de 75 anos - por meio de walkie-talkies não registrados em sua casa, um crime sob a lei de importação e exportação de Mianmar.
Cortes na internet
A resistência ao golpe tem ocorrido com as pessoas promovendo 'panelaços' - uma prática tradicionalmente associada no país à expulsão de espíritos malignos.
A junta tenta bloquear plataformas de mídia social, incluindo o Facebook, que é extremamente popular em Mianmar. Mais tarde, blecautes noturnos no fornecimento da internet são impostos.
Suu Kyi, não vista em público desde o golpe, está em prisão domiciliar e "com boa saúde", afirma seu partido.
Desafio ousado
A dissidência popular surgiu no fim de semana de 6 e 7 de fevereiro, com dezenas de milhares de pessoas se reunindo nas ruas pedindo a libertação de Suu Kyi.
A manifestação se espalha, com um terceiro dia consecutivo de protestos no último 8 de fevereiro e uma greve nacional à medida que centenas de milhares de pessoas participam de marchas anti-golpe em todo Mianmar.
Toque de recolher
Os militares alertam sobre a repressão e impõem toques de recolher noturnos, incluindo em Yangon, Mandalay e Naypyidaw - as três maiores cidades do país.
Mas apesar da proibição de reuniões de mais de cinco pessoas, os protestos continuam.
Polícia dispara contra manifestantes
Duas pessoas são feridas após disparos da polícia contra multidões em Naypyidaw em 9 de fevereiro, com uma jovem baleada na cabeça.
Apesar da violência e de uma batida na sede do partido do NLD em Yangon, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas da cidade pelo quinto dia consecutivo.
O relator especial da ONU, Tom Andrews, alerta que a junta "não pode roubar a esperança e a determinação de um povo determinado".
Sanções americanas
No mesmo dia, Washington anuncia sanções contra vários oficiais militares, incluindo o general Min Aung Hlaing, o chefe do exército agora no comando.
As Nações Unidas exigem a libertação imediata de Suu Kyi dois dias depois e consideram "inaceitável" o uso de violência contra os manifestantes.
Escalada
Min Aung Hlaing suspende as leis que exigem mandados para buscas em 13 de fevereiro, após a junta ordenar ao público que não esconda os manifestantes.
Na noite seguinte, as forças de segurança disparam contra os manifestantes e prendem jornalistas no norte do país.
Nova acusação sobre Suu Kyi
Em 16 de fevereiro, o advogado de Suu Kyi informa que ela recebeu uma segunda acusação, desta vez de acordo com a lei de gerenciamento de desastres naturais do país.
No dia seguinte, milhares se reuniram em Yangon jurando "lutar até o fim", apesar do aumento de tropas e do medo de uma escalada de violência.
O Reino Unido sanciona três generais de Mianmar em 18 de fevereiro por violações de direitos após o golpe, enquanto o Canadá toma medidas semelhantes.
Quatro manifestantes morrem
Na sexta-feira, um manifestante baleado 10 dias antes morre, tornando-se símbolo de oposição à junta militar.
No fim de semana, mais três manifestantes foram mortos e cerca de 30 ficaram feridos enquanto a polícia disparava durante os protestos em Mandalay e Yangon.
Junta ameaça com força letal
A junta avisou na noite de domingo que está preparada para o uso de força letal, e o Ministério das Relações Exteriores protestou contra a "interferência em flagrante" de governos estrangeiros em seus assuntos internos.
Apesar das ameaças, centenas de milhares de manifestantes contra o golpe se manifestam novamente.
Resposta internacional
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condena a "força brutal" da junta militar e exige o fim da repressão.
A União Europeia concorda em aplicar sanções aos militares e suspender parte da ajuda de desenvolvimento do país.