Quase 4.800 indígenas estão presos em meio aos combates travados entre os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e uma poderosa organização do narcotráfico na Colômbia, denunciou a Defensoria Pública nesta segunda-feira (22/2).
Os confrontos começaram na sexta-feira em Alto Baudo, município do distrito de Chocó, no noroeste do país, e afetam principalmente a comunidade de Moamía.
Dezenas de famílias foram obrigadas a fugir ou confinar-se em suas casas, segundo Carlos Camargo, diretor da órgão estatal de defesa dos direitos humanos.
"A comunidade está sem alimentos, sem recursos e confinada na reserva, e outras pessoas estão em deslocamento", acrescentou o defensor público.
Os indígenas estão sitiados por rebeldes do ELN e do Clã do Golfo, principal braço armado do narcotráfico formado por remanescentes de gangues paramilitares da extrema direita.
Os dois grupos mantêm uma luta mortal pelo controle das rotas do tráfico ilegal, especialmente de drogas, na fronteira com o Panamá.
Na sexta-feira, uma mulher indígena morreu no fogo cruzado, disse o senador Feliciano Valencia, representante dos povos indígenas, no Twitter.
O risco para os civis da região vinha sendo alertado pela Defensoria desde setembro de 2019.
Com acesso ao Pacífico e Caribe, Chocó tem uma população 89% indígena e negra, e é o distrito com a maior "pobreza monetária" da Colômbia (61,1%), de acordo com o Departamento Administrativo Nacional de Estatística.
Os indígenas são vítimas recorrentes de grupos armados em áreas remotas do país, onde o Estado não conseguiu retomar o controle após o acordo de paz com a guerrilha FARC em 2016.
Em dezembro, cerca de 1.000 indígenas da reserva Bacurú Purú, também em Chocó, tiveram que se mudar depois que um de seus líderes foi sequestrado e decapitado. As comunidades culparam o Clã do Golfo pelo ocorrido.
A Colômbia sofre há quase sessenta anos com um conflito interno que já fez mais de nove milhões de vítimas, a maioria delas deslocadas.