O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, anunciou que acordou uma “solução temporária” com Teerã para manter uma vigilância “satisfatória” e limitar o alcance do programa nuclear iraniano. A saída, com três meses de duração, foi anunciada às vésperas da adoção de uma norma — aprovada, em dezembro, pelo parlamento iraniano — que limita a realização de inspeções internacionais até os Estados Unidos suspenderem sanções impostas ao país.
Grossi informou que, como o previsto, a nova lei iraniana será aplicada a partir de terça-feira, o que resultará na suspensão do Protocolo Adicional, um dos acordos alcançados pelo Irã e pela agência das Nações Unidas que rege as inspeções. “O acesso será reduzido, não se engane, mas seremos capazes de manter o nível necessário de vigilância e verificação”, explicou. “Isso salva a situação imediata.”
O chefe da AIEA reuniu-se, durante dois dias, com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, e o chefe da Organização de Energia Atômica Iraniana, Ali Akbar Salehi. Grossi não deu detalhes sobre quais atividades a agência terá que interromper, mas confirmou que o acordo temporário permitirá a realização de inspeções aleatórias. O novo contrato, porém, poderá ser suspenso a qualquer momento, alertou. “É claro que, para alcançar uma situação estável, será preciso uma negociação política, e isso não depende de mim.”
Após a retirada unilateral dos EUA do acordo sobre o programa nuclear iraniano e o restabelecimento das sanções, Teerã foi gradativamente deixando de cumprir os compromissos que havia assumido em 2015 no texto assinado com EUA, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China. Hoje, chanceleres da União Europeia vão se reunir para discutir, entre outras questões, medidas para evitar o colapso total do acordo nuclear.