Autoridades europeias e norte-americanas pediram, ontem, que o Irã cumpra “totalmente” o acordo nuclear de 2015. Elas advertiram sobre o perigo de Teerã limitar o acesso dos inspetores internacionais a algumas instalações. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos começaram a dar sinais de flexibilização em relação ao regime teocrático islâmico. O governo de Joe Biden anunciou o relaxamento de restrições ao movimento de diplomatas iranianos dentro de Nova York. A Casa Branca também admitiu que aceitaria um convite da Unão Europeia para manter negociações com o Irã, a fim de aumentar os esforços para reatirar o acordo nuclear assinado em 2015 e abandonado pelo ex-presidente Donald Trump.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, recebeu os colegas alemão, Heiko Maas, e britânico, Dominic Raab, à tarde, em Paris, em uma reunião da qual participou por videoconferência o secretário de Estado americano, Antony Blinken. As quatro potências ocidentais reafirmaram seu “objetivo comum de que o Irã mais uma vez cumpra integralmente seus compromissos” sob o pacto nuclear, de acordo com um comunicado conjunto divulgado após a reunião.
Em entrevista ao Correio, Hossein Gharibi, embaixador do Irã em Brasília, explicou que EUA e Irã mantiveram compromissos sob o acordo. “Para nós, foi reduzir nossas atividades e transformar a indústria nuclear. Para eles, foi suspender as sanções. As partes se deram três meses para a preparação. Os EUA se prepararam até a implementação do acordo, em janeiro de 2016. Sob a implementação, o Irã aceitaria limitar as atividades (de enriquecimento de urânio), e os EUA começaram a suspender as sanções. Em maio daquele ano, os norte-americanos abandonaram o pacto e romperam com seus compromissos”, declarou. “Eles não apenas retomaram as sanções, como impuseram outras sanções, sob os termos da pressão máxima. Os EUA deveriam retonar aos seus compromissos, para que reduzamos as atividades”, acrescentou, ao culpar o governo Trump pelo retrocesso.
De acordo com Gharibi, Teerã foi trapaceado por Washington, em 2016. “Dessa vez, se voltarmos aos compromissos e eles nos darem promessas vazias, elas não serão úteis. Aqui, a questão é o compromisso pelo compromisso”, disse o diplomata.