Lima, Peru - O médico que liderou em 2020 o ensaio de uma vacina chinesa contra a covid-19 no Peru depôs nesta terça-feira (16/2) ao Congresso em uma audiência sobre as supostas imunizações irregulares de 487 pessoas, incluindo o então presidente Martín Vizcarra.
O doutor Germán Málaga, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, declarou que em 1o de outubro Vizcarra lhe pediu para ser vacinado, enquanto os ensaios da vacina chinesa da Sinopharm entre 12.000 voluntários peruanos estavam em andamento. Ele afirmou que o presidente sabia que se tratava de uma "vacina ativa" e não de um placebo.
"Ele [Vizcarra] se mostra interessado [em se vacinar]. Finalmente toma uma decisão e me pede que no dia seguinte o leve. Me pede duas vacinas [supostamente para o presidente e sua esposa]", disse Málaga em uma sessão virtual da Comissão de Fiscalização do Congresso, ao confirmar que o governante e sua esposa não eram "voluntários" do ensaio.
O atual presidente peruano, Francisco Sagasti, revelou na segunda-feira que 487 pessoas se vacinaram irregularmente no país, entre elas duas ministras e outros funcionários de seu governo, e prometeu sanções e demissões para eles.
"São fatos muito graves e sem dúvida condenáveis", disse à AFP Adriana Urrutia, diretora da Associação Civil Transparência.
"Violaram um conjunto de princípios (...) que estão no Código de Ética da função pública", acrescentou.
Este escândalo de suposta corrupção em meio a segunda onda da pandemia surgiu há cinco dias durante a campanha das eleições de abril. Inicialmente, o "Vacinagate" envolvia apenas Vizcarra (2018-2020), mas depois se estendeu para o atual governo.
Após ser destituído pelo Congresso em novembro com altos índices de popularidade, Vizcarra está agora em plena campanha por um assento legislativo.