Covid-19

Em plena pandemia, Catalunha realiza eleições regionais acirradas

O governo regional tentou adiar as eleições para o final de maio devido aos novos surtos da pandemia depois do Natal, mas a Justiça o impediu

Palco de uma tentativa de secessão em 2017, a Catalunha realiza eleições regionais neste domingo (14) marcadas pela pandemia e pela alta abstenção, nas quais o chefe do governo espanhol Pedro Sánchez aspira a destituir os separatistas do poder.

Com uma grande implementação de medidas sanitárias, a pandemia ofuscou o dia das eleições, que deve terminar às 19h00 GMT (16h00 em Brasília), com o voto dos infectados ou em quarentena.

Para esta situação excepcional, as autoridades equiparam as pessoas mobilizadas nos centros de votação com equipamento de proteção completo com macacão branco, protetor facial e luvas.

Apesar de todas essas medidas e da ligeira melhora da epidemia no país, que ainda registra altos índices de infecções, a participação despencou.

Às 17h0 0GMT (14h00 em Brasília), apenas 45,6% dos 5,6 milhões de eleitores haviam participado, o menor número desde 2006 e 22 pontos abaixo das eleições de 2017, que bateram um recorde de mobilização.

"Eu duvidava até o último momento se iria votar ou não (...) Acho que essas eleições deveriam ter sido adiadas", reconheceu Cristina Caballero, uma educadora infantil de 34 anos de Barcelona.

"É evidente que não é o melhor momento para fazer eleições (...), mas quando você sai para trabalhar todos os dias no metrô, também está se expondo", diz Sergi López, um eleitor de 40 anos.

O governo regional tentou adiar as eleições para o final de maio devido aos novos surtos da pandemia depois do Natal, mas a Justiça o impediu.

Em uma medida incomum, as pessoas infectadas ou em quarentena poderão votar de 18h00 às 19h00 GMT, faixa de horário em que os funcionários do centro eleitoral estarão equipados com trajes de proteção, luvas e máscaras.

Apesar do receio de uma abstenção dos cidadãos designados por sorteio para trabalhar no dispositivo eleitoral - mais de 40% pediu para não ir -, todos os pontos de votação funcionavam com normalidade nesta manhã.

Para minimizar o risco de contágio, as autoridades estabeleceram pontos de votação em espaços abertos como o entorno do estádio do FC Barcelona ou uma praça na cidade de Tarragona.

Em todos eles, os eleitores entravam pouco a pouco para evitar aglomerações e faziam fila do lado de fora sob uma chuva intermitente e incômoda.

A queda da participação aumenta a incerteza sobre a acirrada disputa entre os dois partidos separatistas do governo regional, Juntos pela Catalunha (JxC) e Esquerda Republicana (ERC), e os socialistas de Pedro Sánchez, com intenções de voto ao redor de 20%, segundo as pesquisas.

A Catalunha, de 7,8 milhões de habitantes, vive imersa na instabilidade política com cinco eleições regionais desde 2010, quando começou a crescer o movimento separatista que leva agora cinco anos no poder.

A tensão alcançou seu ponto máximo em outubro de 2017, com a realização de um referendo ilegal de autodeterminação e a fracassada proclamação de uma república independente sob a presidência de Carles Puigdemont, depois exilado na Bélgica.

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