O Reino Unido está prestes a cumprir sua ambiciosa meta de vacinar 15 milhões de pessoas contra o coronavírus até meados de fevereiro, o que pode representar uma saída do bloqueio rígido aplicado desde o início de janeiro.
A campanha de vacinação é apresentada como um sucesso para o primeiro-ministro Boris Johnson, criticado por uma gestão caótica da pandemia, que matou mais de 116.000 pessoas em um país de 66 milhões de habitantes, o pior balanço de toda a Europa.
Seu governo transformou a campanha de vacinação, a primeira lançada em um país ocidental, em 8 de dezembro, em um esforço nacional contra uma nova cepa mais contagiosa do coronavírus descoberta em dezembro no sul da Inglaterra.
Mais de 14 milhões de pessoas pertencentes a quatro grupos prioritários - mais de 70, profissionais de saúde e doentes crônicos - receberam uma primeira dose das vacinas AstraZeneca / Oxford ou Pfizer / BioNTech até esta sexta-feira(12), de acordo com dados oficiais.
Mais de 530.000 pessoas foram vacinadas com as duas doses necessárias, que as autoridades britânicas decidiram espaçar em até 12 semanas para poder imunizar rapidamente o maior número de pessoas.
- Gales na liderança -
Na sexta-feira, o País de Gales foi o primeiro dos quatro países britânicos a oferecer a vacina a todos os quatro grupos prioritários, 740.000 pessoas, anunciou o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford.
“Esta é uma corrida contra o coronavírus” e não entre as diferentes nações do país, insistiu. Este sucesso deve permitir um relaxamento "prudente" de certas restrições com a aproximação da primavera, disse ele.
Na Inglaterra, o governo de Boris Johnson espera poder começar a suspender o bloqueio imposto no início de janeiro de forma muito gradual a partir de março, com o objetivo principal de reabrir escolas e posteriormente lojas, bares e restaurantes.
Pressionado por alguns membros de sua maioria conservadora, o dirigente apresentará no dia 22 de fevereiro um roteiro "para reabrir escolas e, pouco a pouco, [a] economia e a sociedade", disse seu porta-voz.
“Os últimos dados mostram claramente que ainda estamos em uma situação difícil, com a saúde pública ainda sob forte pressão”, disse.
- A epidemia retrocede -
Os contágios, que atingiram o pico de 68.000 em um dia no início de janeiro, caíram drasticamente graças ao bloqueio e eram 15.144 nesta sexta-feira.
Pela primeira vez desde julho, a reprodução do vírus caiu abaixo de 1, para entre 0,7 e 0,9, o que significa que a epidemia está recuando.
Na sexta-feira, o Office for National Statistics (ONS) estimou que uma em cada 80 pessoas na Inglaterra foi infectada com o vírus na semana passada, e uma em 60 em Londres, comparado a uma em 50 e uma em 30 no início de setembro.
Embora o Reino Unido esteja começando a ver o fim do túnel, o epidemiologista Neil Ferguson alertou para que não haja pressa.
"Estou esperançoso de que este seja o último bloqueio, contanto que sejamos relativamente cautelosos ao sairmos dele", disse em um podcast na publicação americana Politico.
Mas o retorno ao normal não pode ocorrer até que toda a população adulta tenha sido vacinada, acrescentou. Segundo o especialista, que aconselha o Executivo, “é muito improvável que esse vírus possa ser erradicado da população humana”.
“Vai se tornar um coronavírus endêmico” que pode ser controlado por meio de “imunizações de rotina”, como acontece com a gripe. Até maio, o governo espera ter vacinado os nove grupos prioritários, 32 milhões de pessoas vulneráveis ou maiores de 50 anos, que representam 99% das mortes e todos os adultos em setembro.
A aceitação geral da vacinação é alta no Reino Unido, mas há uma relutância maior entre as minorias, por isso a saúde pública passou a veicular vídeos em diferentes idiomas e a usar celebridades como o cantor Elton John para estrelá-los.