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Enfermeira registra 'vida real' de colegas em UTI de covid-19 no Reino Unido

Emily Gilhespy, natural da cidade de Bristol, trabalha em uma unidade de saúde no noroeste da Inglaterra atendendo pacientes com covid-19 que estão intubados e sedados. Ela começou a documentar sua experiência na pandemia em março do ano passado

Emily Gilhespy/PA
Emily Gilhespy tem fotorafado o cotidiano da UTI em que trabalha desde março do ano passado

Uma enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da rede pública britânica (NHS, na sigla em inglês) vem há quase um ano fotografando seu cotidiano e o dos colegas desde o início da pandemia e resolveu compartilhar as imagens para tentar diminuir "o abismo cada vez maior entre a percepção pública e o cotidiano de fato dos profissionais de saúde".

Emily Gilhespy, natural da cidade de Bristol, trabalha em uma unidade de saúde no noroeste da Inglaterra atendendo pacientes com covid-19 que estão intubados e sedados.

"Esse é um momento da história para o qual, no futuro, sempre voltaremos nossos olhos", ela afirma.

"Eu queria então encontrar uma maneira de abrir uma janela para mostrar como nós (profissionais de saúde) estamos vivendo."

A enfermeira, que tem 28 anos, começou a documentar sua experiência na pandemia em março do ano passado, quando o coronavírus chegou ao Reino Unido.

PA
Gilhespy diz que um de seus objetivos era mostrar que existe uma pessoa de carne e osso por baixo do EPI

"Com o tempo vi um abismo cada vez maior entre a percepção pública e o cotidiano de fato dos profissionais de saúde", ressalta.

"Como você explica (como é o ambiente da) terapia intensiva para quem não é da área, especialmente no contexto da covid-19?"

As fotos, ela conta, têm sido usadas pelos colegas para mostrar também aos familiares que "é isso que nós fazemos, é isso que estamos enfrentando".

Emily Gilhespy/PA
A enfermeira diz que o trabalho hoje é ainda mais difícil porque os profissionais estão exaustos

Para Gilhespy, a imagem da amiga Tash sorrindo mostra a "resiliência e positividade" que a equipe de saúde tem de tentar manter durante o trabalho, apesar da exaustão e de às vezes "sentir que tudo isso não tem fim".

"Estamos trabalhando possivelmente nas condições mais desafiadoras imagináveis, sob a maior pressão a que já fomos submetidos, mas os profissionais de saúde ainda conseguem sorrir, ainda conseguem ter algum grau de otimismo apesar de caos", diz ela.

Emily Gilhespy/PA
A foto de uma colega sorrindo é uma das favoritas de Gilhespy
Emily Gilhespy/PA
A fotografia é um hobby da enfermeira britânica

A enfermeira diz que, em um contexto em que as internações por covid-19 continuam aumentando, conhecer a ala da UTI talvez seja a única maneira de entender a dimensão da gravidade da pandemia.

"Minhas fotografias são uma pequena amostra, não acho que seja possível retratar totalmente o que significa estar em uma UTI hoje em dia", acrescenta.

"É difícil, mas é algo de que devemos nos orgulhar por muitas razões... os profissionais de saúde têm sido resilientes e enfrentado com bravura esta pandemia."


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