Diplomacia

Na primeira conversa com Pequim, secretário dos EUA pressiona governo

Segundo comunicado, Blinken disse que os EUA trabalharão com os aliados para responsabilizar a China "por seus esforços para ameaçar a estabilidade no Indo-Pacífico, incluindo o Estreito de Taiwan"

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o principal diplomata chinês Yang Jiechi conversaram por telefone pela primeira vez neste sábado e discutiram questões que vêm gerando tensão entre os dois países. Um dos principais pontos debatidos foi a situação em Xinjiang, base da minoria uigur, cujo tratamento por Pequim é fortemente criticado no Ocidente.
Segundo comunicado do Departamento de Estado norte-americano, Blinken disse que os EUA trabalharão com os aliados para responsabilizar a China "por seus esforços para ameaçar a estabilidade no Indo-Pacífico, incluindo o Estreito de Taiwan". Blinken afirmou também que os EUA continuarão defendendo os direitos humanos e os valores democráticos, inclusive em Xinjiang, Tibete e Hong Kong.
Yang disse que Xinjiang, Hong Kong e Tibete são assuntos estritamente internos e que o país não vai tolerar qualquer interferência estrangeira, segundo a agência estatal de notícias Xinhua. Considerou, além disso, a questão do governo autônomo de Taiwan, que a China afirma ser parte de seu próprio território, como a "mais sensível, mais importante e central entre os EUA e a China".
O diplomata chinês afirmou também que "a relação sino-americana está em um momento crucial". "A política do governo chinês em relação aos EUA sempre manteve um alto grau de estabilidade e continuidade", disse ele à Xinhua. Yang exortou Washington "a corrigir os erros cometidos ao longo de um período de tempo e trabalhar com a China para manter o espírito de não conflito, não confronto, respeito mútuo e cooperação ganha-ganha, assim como se concentrar na cooperação, administrar as diferenças, promover o desenvolvimento saudável e estável das relações entre China e EUA".
Blinken também pediu à China que condene o golpe militar em Mianmar. Yang, em resposta, enfatizou que a comunidade internacional deve criar um bom ambiente externo para a resolução adequada da questão. A China é o maior parceiro comercial do Mianmar e investiu bilhões de dólares em minas, oleodutos e gasodutos do país.
EUA e China já entraram em confronto em questões que vão desde o comércio até a repressão de Pequim em Hong Kong e ao aumento do apoio dos EUA ao governo autônomo de Taiwan. Nos últimos anos, a relação entre os dois países se deteriorou em virtude de políticas do ex-presidente Donald Trump, que deu início a uma guerra comercial com Pequim e culpou o país pela pandemia de coronavírus.
Sob Trump, os EUA aumentaram as vendas de armas e as trocas oficiais com Taiwan, o que levou o Exército de Libertação do Povo da China a enviar caças à ilha quase diariamente em 2020.
Yang adotou um tom positivo quando falou no início da semana para o influente Comitê Nacional dos EUA sobre as relações EUA-China. Reconhecendo as diferenças entre os dois países, disse que "é crucial controlá-las adequadamente e não permitir que interfiram no desenvolvimento geral das relações bilaterais". Fonte: Associated Press