As autoridades indonésias proibiram que as escolas obriguem as alunas a usar o hijab, depois que uma estudante cristã - obrigada a usar o véu - levantou o debate no país, que possui a maior população muçulmana do mundo.
A medida foi recebida com satisfação nesta sexta-feira (5) por defensores dos direitos humanos, que denunciam há vários anos o fato de alunas não muçulmanas às vezes serem obrigadas a usar o véu, um traje regulamentar em algumas escolas.
Os colégios públicos do arquipélago enfrentarão agora multas financeiras se continuarem obrigando as alunas a se cobrir com o véu islâmico, segundo um decreto publicado esta semana pelo ministro da Educação, Nadiem Makarim.
A roupa com conotações religiosas é uma escolha individual e as escolas "não podem torná-la obrigatória", destacou. "O decreto é um passo positivo para proteger os direitos das mulheres na Indonésia", afirmou Andreas Harsono, colaborador da ONG Human Rights Watch em Jacarta.
As escolas públicas obrigavam milhões de meninas e mulheres, estudantes e professoras, a usar o hijab, o que provocou "assédio, intimidação e pressão, em alguns casos inclusive demissões forçadas", se não cumpriam as regras, destacou.
A Indonésia, onde 90% da popopulação é muçulmana, foi conhecida por muito tempo pela sua prática do islã moderado e aberto para outras religiões.
Mas o país vivencia agora um aumento das correntes conservadoras. O novo decreto, destinado às escolas públicas, não se aplicará a Aceh, a única província da Indonésia que respeita a sharia, a lei islâmica, e possui uma semiautonomia.