A Alemanha fechou neste domingo (14) grande parte de suas fronteiras com a República Tcheca e o Tirol austríaco para tentar conter a propagação das variantes do coronavírus, o que provocou desentendimentos com a União Europeia.
"As pessoas que não fazem parte das poucas exceções autorizadas não poderão entrar" no território alemão, alertou o ministro do Interior, Horst Seehofer, na edição de domingo do jornal Bild.
Em meio a temperaturas congelantes, no posto fronteiriço de Kiefersfelden, na fronteira da Áustria, a polícia filtrava a circulação meticulosamente neste domingo.
Os únicos que estão autorizados a passar são os cidadãos alemães, os residentes no país e os trabalhadores fronteiriços essenciais, assim como o transporte de mercadorias, com a obrigação de apresentar um teste PCR negativo para o coronavírus.
Neste domingo à tarde, a polícia alemã inspecionou cerca de 1.700 veículos e proibiu a entrada de 500. O ministro do Interior da Áustria, Karl Nehammer, considerou "absolutamente inaceitável" a proibição dos motoristas de usar um atalho através da Alemanha para viajar de uma região austríaca para a outra.
Trens interrompidos
Para garantir os controles, mais de 1.000 policiais foram mobilizados. A empresa ferroviária Deutsche Bahn suspendeu as conexões com essas áreas e nesta manhã a polícia realizava controles nas chegadas do aeroporto de Frankfurt.
O governo alemão impôs essas restrições devido ao temor de uma nova onda de contágios por conta das variantes do vírus britânica e sul-africana. Berlim considera como áreas de alto risco a República Tcheca, Eslováquia e a região austríaca do Tirol.
Em breve, as autoridades alemãs poderiam também instaurar controles com a vizinha região francesa da Mosela, onde também foi detectada uma forte circulação das variantes do vírus.
Na República Tcheca, vários motoristas se apressaram para cruzar a fronteira no sábado, antes da entrada em vigor das medidas.
"Temos curiosidade para saber o que vai acontecer depois, já que fazer um teste por semana, e ainda pagar por ele, seria um desastre", disse à AFP Milan Vaculka, um caminhoneiro que precisava atravessar a fronteira para chegar na França.
Medidas "erradas"
A União Europeia (UE) não está de acordo com essas restrições, temendo que, assim como aconteceu na primavera passada, cada país do bloco olhe para si mesmo para conter a pandemia.
"Posso entender o medo das mutações do coronavírus, mas é preciso dizer a verdade, que o vírus não será contido com as fronteiras fechadas", lamentou neste domingo a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, no jornal alemão Augsburger Allgemeine.
"A única coisa que ajuda são as vacinas e as medidas de prevenção sanitárias e, na minha opinião, é errado voltar a ser como era em março de 2020, para uma Europa de fronteiras fechadas", acrescentou. A Alemanha acabou de decidir manter o confinamento parcial de sua população até pelo menos 7 de março.
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