Política

Trump é absolvido em julgamento de impeachment no Senado

Os senadores votaram por 57 votos a favor e 43 contra para condenar Trump, mas não alcançaram a maioria de dois terços exigida para uma condenação

Correio Braziliense
postado em 13/02/2021 18:17 / atualizado em 13/02/2021 20:15
 (crédito: MANDEL NGAN / AFP)
(crédito: MANDEL NGAN / AFP)

O ex-presidente Donald Trump foi absolvido da acusação de "incitamento à insurreição" pelos tumultos durante a invasão do Capitólio. O mundo acompanhava o julgamento desde a última sexta-feira (12/2), quando os advogados do ex-presidente argumentaram a favor de Trump. O processo de impeachment do magnata no Senado norte-americano foi marcado pela divulgação de imagens inéditas dos violentos acontecimentos de 6 de janeiro.

Os senadores votaram por 57 votos a 43 a favor do impeachment, mas não conseguiram alcançar a maioria de dois terços exigida para condenar Trump. No entanto, sete republicanos (o partido de Trump) votaram para condená-lo.

Depois de anunciada a decisão, o ex-presidente republicano, que está banido das redes sociais desde que deixou o poder, em 20 de janeiro, comemorou o resultado e denunciou o processo como "mais uma fase da maior caça às bruxas da história" dos Estados Unidos.

Trump também prometeu ações para o futuro: "Nosso movimento magnífico, histórico e patriótico, Make America Great Again (Faça a América Grande Novamente), acaba de começar", disse Trump em um comunicado. “Nos próximos meses terei muito a compartilhar com vocês e espero continuar nossa incrível aventura pela grandeza da América” (Estados Unidos), acrescentou.

Este é o segundo julgamento de impeachment contra Trump, que em 2020 também foi absolvido em um processo por abuso de poder.

Desde a manhã deste sábado, ficou claro que o presidente seria absolvido, após o vazamento de uma carta do líder da minoria republicana do Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, na qual ele indicava a seus correligionários que votaria a favor de absolvição.

No entanto, após votar contra a condenação do ex-presidente, McConnell admitiu no plenário que Trump é responsável "moralmente e na prática" por ter causado os incidentes de 6 de janeiro.

O processo durou cinco dias e foi encerrado com um apelo de legisladores democratas, que acusaram o ex-presidente de ter "traído" os Estados Unidos. A defesa, por sua vez, classificou as acusações de "absurdas".

O advogado de Trump, Michael Van der Veen, disse que, independentemente do horror mostrado nas imagens dos distúrbios no Capitólio e da emoção imbuída nos argumentos, isso "não muda o fato de que Trump é inocente". “Chegou a hora de acabar com este teatro político inconstitucional”, concluiu.

"Trump nos traiu" 

Os democratas que buscavam uma condenação para em seguida desqualificar politicamente Trump, acusaram o republicano de "abusar de seu poder ao se aliar aos insurgentes".

O líder da acusação, o congressista democrata Jamie Raskin, disse que está claro que "Trump apoiou as ações da multidão, então ele deve ser condenado".

David Cicilline, que também participou da argumentação final, acusou Trump de violar seus deveres. "No momento em que mais precisávamos de um presidente para nos proteger e nos defender, o presidente Trump nos traiu deliberadamente", criticou.

A confusão reinou no Senado por duas horas depois que Raskin indicou que desejava acesso ao testemunho da legisladora republicana Jaime Herrera Beutler e às trocas de mensagens com o líder da minoria republicana na Câmara Baixa, Kevin McCarthy.

Raskin também pediu as notas que a congressista tomou sobre uma conversa entre Trump e McCarthy durante o ataque ao Congresso.

Herrera Beutler - uma das poucas republicanas que votou pelo impeachment de Trump na Câmara dos Representantes - disse em um comunicado que McCarthy disse a ela que Trump expressou aprovação para a multidão que invadiu o Capitólio.

A congressista indicou que em 6 de janeiro, quando McCarthy "finalmente" falou com Trump para lhe pedir que falasse publicamente contra os distúrbios, a princípio o presidente repetiu a "mentira" de que foram membros do movimento Antifa que entraram no Capitólio.

"McCarthy rejeitou isso e disse que eram simpatizantes de Trump e então, de acordo com ele, o presidente disse: 'Bem, Kevin, acho que essas pessoas estão mais chateadas com a eleição do que você'", disse o legislador.

Cinco republicanos votaram junto com os 50 senadores democratas a favor da permissão de testemunhas no processo, o que gerou caos na Câmara, abrindo uma veia de incerteza sobre os próximos passos a serem dados.

O senador republicano Ted Cruz alertou que isso poderia abrir "uma caixa de Pandora". Finalmente, um acordo permitiu que a declaração de Herrera Beutler fosse lida no plenário e incluída na ata.

Tanto democratas quanto republicanos querem encerrar o processo. O presidente democrata Joe Biden quer que o Senado esteja disponível para votar as propostas prioritárias de sua agenda, incluindo o plano de alívio econômico.

*Com informações da Agência France Presse

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    O ex-presidente Donald Trump será julgado, no Senado, a partir da próxima terça-feira Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP
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    Trump Foto: AFP / Brendan Smialowski
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