Himalaia

Resgate enfrenta luta dramática para salvar trabalhadores presos em túnel na Índia

Ao todo, 34 pessoas ficaram presas em um túnel depois do rompimento de uma geleira no Himalaia

Agência France-Presse
postado em 10/02/2021 10:00
 (crédito: Archana THIYAGARAJAN / AFPTV / AFP)
(crédito: Archana THIYAGARAJAN / AFPTV / AFP)

A esperança de encontrar sobreviventes entre as 34 pessoas presas em um túnel diminuía a cada hora nesta quarta-feira(10), três dias após a devastadora inundação de um rio causada pelo rompimento de uma geleira no Himalaia, no norte da Índia.

As equipes de resgate redobraram seus esforços em uma corrida dramática contra o tempo para salvar os trabalhadores das usinas hidrelétricas destruídas no domingo no pequeno estado de Uttarakhan, na fronteira da Índia com o Tibete.

Mais de 170 pessoas ainda estão desaparecidas devido à catástrofe que já deixou 32 mortos.

Apenas 25 corpos puderam ser identificados, já que muitas das vítimas vêm de outras regiões da Índia e os parentes não estão na região para reconhecê-las.

O desastre foi atribuído ao rompimento de uma geleira devido ao aquecimento global, mas outras hipóteses indicam como possíveis causas a construção de barragens, a dragagem de leitos de rios para extrair areia ou o corte de árvores para construir novas estradas.

A grande operação de resgate continuou dia e noite desde domingo e agora está focada no túnel em construção perto de uma usina hidrelétrica seriamente danificada em Tapovan.

Os socorristas lutavam contra as toneladas de lama, pedras e destroços que obstruem o túnel, na esperança de que as vítimas pudessem se refugiar em eventuais bolsões de ar.

"Com o passar do tempo, naturalmente as chances diminuem. Mas às vezes acontecem milagres", disse Piyoosh Rautela, chefe das operações de resgate em Uttarakhand, à AFP.

"Várias escavadeiras não podem trabalhar no local ao mesmo tempo. Trabalhamos 24 horas por dia, os homens, as máquinas, todos trabalhamos 24 horas por dia. Mas a quantidade de entulho é tanta que vai demorar muito para remover tudo".

- "Uma piada" -


Equipes médicas com tubos de oxigênio, macas e equipamentos de pronto-socorro estavam a postos em frente ao túnel enquanto familiares aguardavam angustiados.

Em meio à tristeza, alguns criticaram as autoridades. "Toda essa operação de resgate é uma piada", disse Sanjay Pant, de Uttar Pradesh, cujo irmão Abhishek, de 24 anos, provavelmente está no túnel. "Eles usam apenas uma escavadeira!" exclamou, reclamando da lentidão das operações e dos meios implantados para a retirada dos entulhos.

"Não estamos no século 18. Onde está nossa tecnologia, onde estão nossas máquinas?"

Entre os parentes está Shuhil Dhiman, de 47 anos, cujo cunhado Praveen Diwan, empresário e pai de três filhos, entrou no túnel na manhã de domingo, pouco antes do desastre.

"Não sabemos o que aconteceu. Nós nos aproximamos do túnel, mas ele está cheio de granizo. O início do túnel é uma inclinação íngreme e acho que a água e o granizo se aprofundaram", disse Shuhil Dhiman à AFP. "As autoridades estão fazendo todo o possível, mas a situação está além de sua capacidade", disse ele.

Ramesh Negi, um comerciante que aproveitava o sol da manhã de domingo, ainda está chocado com a catástrofe. Ele ouviu o barulho ensurdecedor de uma enorme parede de água que arrastou uma ponte e carregou dezenas de trabalhadores que construíam uma barragem e dezenas de pastores que conduziam os seus rebanhos até às encostas da montanha, recordou. "Em todos os lugares você só podia ver lama e gritos", disse o homem de 36 anos à AFP.

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