A esperança de encontrar sobreviventes entre as 34 pessoas presas em um túnel diminuía a cada hora nesta quarta-feira(10), três dias após a devastadora inundação de um rio causada pelo rompimento de uma geleira no Himalaia, no norte da Índia.
As equipes de resgate redobraram seus esforços em uma corrida dramática contra o tempo para salvar os trabalhadores das usinas hidrelétricas destruídas no domingo no pequeno estado de Uttarakhan, na fronteira da Índia com o Tibete.
Mais de 170 pessoas ainda estão desaparecidas devido à catástrofe que já deixou 32 mortos.
Apenas 25 corpos puderam ser identificados, já que muitas das vítimas vêm de outras regiões da Índia e os parentes não estão na região para reconhecê-las.
O desastre foi atribuído ao rompimento de uma geleira devido ao aquecimento global, mas outras hipóteses indicam como possíveis causas a construção de barragens, a dragagem de leitos de rios para extrair areia ou o corte de árvores para construir novas estradas.
A grande operação de resgate continuou dia e noite desde domingo e agora está focada no túnel em construção perto de uma usina hidrelétrica seriamente danificada em Tapovan.
Os socorristas lutavam contra as toneladas de lama, pedras e destroços que obstruem o túnel, na esperança de que as vítimas pudessem se refugiar em eventuais bolsões de ar.
"Com o passar do tempo, naturalmente as chances diminuem. Mas às vezes acontecem milagres", disse Piyoosh Rautela, chefe das operações de resgate em Uttarakhand, à AFP.
"Várias escavadeiras não podem trabalhar no local ao mesmo tempo. Trabalhamos 24 horas por dia, os homens, as máquinas, todos trabalhamos 24 horas por dia. Mas a quantidade de entulho é tanta que vai demorar muito para remover tudo".
- "Uma piada" -
Equipes médicas com tubos de oxigênio, macas e equipamentos de pronto-socorro estavam a postos em frente ao túnel enquanto familiares aguardavam angustiados.
Em meio à tristeza, alguns criticaram as autoridades. "Toda essa operação de resgate é uma piada", disse Sanjay Pant, de Uttar Pradesh, cujo irmão Abhishek, de 24 anos, provavelmente está no túnel. "Eles usam apenas uma escavadeira!" exclamou, reclamando da lentidão das operações e dos meios implantados para a retirada dos entulhos.
"Não estamos no século 18. Onde está nossa tecnologia, onde estão nossas máquinas?"
Entre os parentes está Shuhil Dhiman, de 47 anos, cujo cunhado Praveen Diwan, empresário e pai de três filhos, entrou no túnel na manhã de domingo, pouco antes do desastre.
"Não sabemos o que aconteceu. Nós nos aproximamos do túnel, mas ele está cheio de granizo. O início do túnel é uma inclinação íngreme e acho que a água e o granizo se aprofundaram", disse Shuhil Dhiman à AFP. "As autoridades estão fazendo todo o possível, mas a situação está além de sua capacidade", disse ele.
Ramesh Negi, um comerciante que aproveitava o sol da manhã de domingo, ainda está chocado com a catástrofe. Ele ouviu o barulho ensurdecedor de uma enorme parede de água que arrastou uma ponte e carregou dezenas de trabalhadores que construíam uma barragem e dezenas de pastores que conduziam os seus rebanhos até às encostas da montanha, recordou. "Em todos os lugares você só podia ver lama e gritos", disse o homem de 36 anos à AFP.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.