Agência Estado
postado em 08/02/2021 09:25
Os defensores de Donald Trump no Senado mostraram apoio ao ex-presidente antes de seu julgamento de impeachment, classificando o processo como uma perda de tempo e argumentando que o discurso do ex-presidente antes da insurreição do Capitólio dos Estados Unidos não o torna responsável pela violência de 6 de janeiro.
"Se ser responsabilizado significa ser acusado pela Câmara e ser condenado pelo Senado, a resposta é não", disse o senador republicano Roger Wicker, do Mississippi, deixando clara sua crença de que Trump deve e será absolvido. Questionado se o Congresso poderia considerar outras punições, como censura, Wicker disse que a Câmara, liderada pelos democratas, tinha essa opção antes, mas rejeitou em favor do impeachment dele. "Esse navio partiu."
O Senado deve lançar o julgamento de impeachment na terça-feira (9) para avaliar se as palavras de ordem de Trump para os manifestantes em um comício do Capitólio, bem como semanas de falsidades sobre supostos roubo e fraude na eleição presidencial, provocaram uma multidão a invadir o Capitólio. Cinco pessoas morreram como resultado do tumulto, incluindo um policial.
Muitos senadores, incluindo o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, imediatamente denunciaram a violência e atribuíram a culpa a Trump. Após o motim, Wicker disse que os norte-americanos "não irão tolerar este tipo de ataque ao Estado de direito" e, sem citar nomes, disse que "devemos processar" aqueles que minam a democracia. Mas, com Trump agora fora da presidência, os republicanos mostraram pouco apetite político para tomar outras medidas, como uma condenação de impeachment que poderia impedi-lo de concorrer a um futuro cargo. Essas divisões partidárias parecem estar se fortalecendo antes do julgamento de Trump, um sinal da continuidade de seu controle sobre o Partido Republicano.
No domingo, Wicker descreveu o julgamento de impeachment de Trump como um "exercício partidário de mensagens sem sentido". Quando questionado se a conduta de Trump deveria ser mais merecedora de impeachment do que a do presidente Bill Clinton, por cujo impeachment Wicker votou a favor, ele disse: "Não estou admitindo que o presidente Trump incitou um insurreição". O julgamento de impeachment de Clinton, em 1998, foi desencadeado por sua falsa negação em um depoimento sobre ter mantido relação sexual com uma estagiária da Casa Branca.
O senador republicano Rand Paul, de Kentucky, considerou o julgamento de Trump uma farsa com "chance zero de condenação", descrevendo as palavras de Trump aos manifestantes para "lutar como o inferno" enquanto o Congresso estava votando para ratificar a vitória de Joe Biden à presidência como discurso "figurativo".
Alguns republicanos disseram que a votação não os "vincula" a votar de uma forma ou de outra, com o senador republicano Bill Cassidy, de Louisiana, dizendo que ouvirá atentamente as evidências. Mas até mesmo os críticos mais agudos de Trump no Partido Republicano reconheceram o resultado amplamente esperado. "Você teve 45 senadores republicanos votando para sugerir que eles não achavam apropriado conduzir um julgamento, então você pode inferir a probabilidade de essas pessoas votarem para condenar", disse Toomey, que deixou claro que acredita que Trump cometeu "ofensas dignas de impeachment". "Ainda acho que o melhor resultado teria sido a renúncia do presidente" antes de deixar o cargo, disse ele. "Obviamente ele escolheu não fazer isso."
A senadora republicana Lindsey Graham, da Carolina do Sul, uma das defensoras mais ferrenhas de Trump, disse acreditar que as ações do ex-presidente foram erradas e que "ele vai ter um lugar na história por tudo isso", mas insistiu que não é trabalho do Senado julgar. "Não é uma questão de como o julgamento termina, é uma questão de quando termina", disse Graham. "Os republicanos vão ver isso como um exercício inconstitucional, e a única questão é, eles vão chamar testemunhas, quanto tempo dura o julgamento? Mas o resultado realmente não está em dúvida."
Wicker falou ao programa "This Week", da ABC, Paul ao "Fox News Sunday", Toomey ao "State of the Union", da CNN, e Graham ao "Face the Nation", da CBS. Fonte: Associated Press.
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