Temendo as variantes mais virulentas do coronavírus, França e Alemanha endureceram as medidas restritivas, com fechamento de fronteiras e do comércio. A partir de hoje, shopping centers franceses com mais de 20 mil metros quadrados serão fechados; o trabalho em casa reforçado e a vigilância sobre festas e abertura ilegal de restaurantes endurecidas, disse o primeiro-ministro Jean Castex. “Nosso dever é fazer tudo que pudermos para evitar um novo lockdown, os próximos dias serão cruciais. Não se admitirão transgressões de poucos, arruinando os esforços de todos”, afirmou, ontem.
No vídeo semanal transmitido aos compatriotas, a chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu que o fardo das famílias está pesado, com crianças e pais em casa, mas pediu paciência, para se evitar um fechamento total. “Quanto mais consistentes somos agora, evitando contato e mantendo distância, seguindo regras de higiene e usando máscaras, mais cedo (a volta à normalidade) será possível novamente”, disse.
Desde ontem, o país proibiu a entrada de pessoas provenientes do Brasil, de Portugal, do Reino Unido, da Irlanda e da África do Sul. Na França, as fronteiras estarão ainda mais restritas: “Exceto por razões excepcionais, serão proibidas qualquer entrada na França e qualquer saída do nosso território para ou de um país fora da União Europeia”, disse Jean Casteux. Ficam de fora da resolução apenas nações consideradas de baixo risco: Austrália, Coreia do Sul, Japão, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura e Tailândia.
Lockdown
Com 731 mil mortos desde o início da pandemia, a Europa é a região do mundo que soma mais óbitos causados pela covid-19. A França contabilizava, até ontem, 75.765 vítimas, com 820 novas mortes entre sexta-feira e sábado. Apesar de reconhecer que os franceses estão fartos das restrições — entre março e maio do ano passado, o país esteve sob bloqueio estrito, voltando a um lockdown menos rígido de outubro a dezembro —, o governo de Emannuel Macron considera fechar a França novamente.
“O toque de recolher às 18h tem sido relativamente ineficaz. Temos dados que mostram que, nesse estágio, ele não diminui o suficiente a circulação do vírus”, admitiu o porta-voz do Palácio do Eliseu, Gabriel Attal. Revoltados, os franceses criaram uma hasthag, a #JeNeMeReconfineraiPas (Eu não me confinarei novamente). À véspera do endurecimento das medidas restritivas, a população lotou feiras, shoppings e o comércio de rua.
Na Alemanha, que detectou o primeiro caso da variante brasileira do Sars-CoV-2 há uma semana, a incidência de infecções em sete dias caiu abaixo de 100 pela primeira vez na quinta-feira passada, com 94,4 novos casos em 100 mil pessoas. Ainda assim, além do fechamento das fronteiras, o país permanece com lojas não essenciais, escolas e creches fechadas. As empresas são obrigadas a estabelecer o trabalho em casa e o uso de máscaras cirúrgicas é obrigatório no transporte público.
Na contramão das medidas restritivas de França e Alemanha, o Vaticano decidiu reabrir seus museus a partir de amanhã. A Capela Sistina também receberá o público novamente, depois de 88 dias de fechamento. Primeiro país europeu a sofrer os efeitos do Sars-CoV-2 no ano passado, a Itália entrou em recessão profunda, com o colapso do turismo e do comércio. Com 88 mil mortos, todo o território está sujeito ao toque de recolher noturno, com mesas de bares e restaurantes encerrando o atendimento às 18h.