Parlamentares do Equador pedem que o ministro da Saúde do país, Juan Carlos Zevallos, seja destituído do cargo pela forma como vem conduzindo o combate à pandemia no país.
Nesta terça (26/01), a Assembleia Nacional aprovou por unanimidade, com 121 votos a favor e quatro abstenções, uma resolução que requisita ao presidente do país, Lenín Moreno, que afaste o titular da pasta.
A votação aconteceu pouco depois da notícia de que familiares do ministro haviam sido imunizados no fim de semana.
O Equador recebeu até o momento 8 mil das 86 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech previstas para desembarcarem no país até o fim de fevereiro.
O volume permite a imunização de 43 mil pessoas, já que cada paciente precisa receber duas doses. O país tem cerca de 17 milhões de habitantes.
A vacinação teve início em 21 de janeiro e, segundo o Ministério da Saúde, prioriza neste primeiro momento os profissionais de saúde que estão na linha de frente contra a pandemia, idosos em casas de repouso e clínicas geriátricas e funcionários desses estabelecimentos.
A polêmica em torno do ministro eclodiu com a informação de que parentes dele que vivem em uma clínica particular para idosos na cidade de Quito foram vacinados no fim de semana com doses que vieram do hospital público Pablo Arturo Suárez, que atende pacientes com covid-19.
Em entrevista ao periódico equatoriano El Comercio, Zevallos admitiu que "vários familiares" seus residem na clínica geriátrica. Segundo o jornal Pichincha Universal, a mãe do ministro estaria entre os parentes.
O epidemiologista assumiu o cargo em 21 de março do ano passado, logo após o início da pandemia no Equador, em meio ao colapso no sistema de saúde em Guayaquil, a cidade mais afetada naquele momento, com um número elevado de novos casos de mortes diárias.
O país contabiliza até o momento 242,1 mil casos de covid-19 e 14,6 mil óbitos pela doença.
'Todos têm direito à vacina'
Em declarações à Comissão de Saúde da Assembleia Nacional, Zevallos defendeu sua decisão de levar as vacinas à clínica privada em vez de priorizar centros públicos.
Afirmou que o imunizante deve ser aplicado independentemente do local. Ao El Comercio, acrescentou que "todos têm direito" de ter acesso à vacina.
Além dos parlamentares, contudo, associações de médicos e enfermeiros e outras instituições também reprovaram a atitude do ministro e pedem sua renúncia. Parte dos legisladores também pede que seja aberta uma acusação formal contra Zevallos.
Seu manejo do plano de imunização já havia sido criticado dias antes, quando se soube que funcionários da área administrativa do Instituto Ecuatoriano de Seguridad Social (semelhante ao INSS no Brasil) haviam sido vacinados mesmo sem estarem entre os trabalhadores da linha de frente.
O presidente da instituição, Jorge Wated, afirmou que os empregados haviam sido demitidos e anunciou uma investigação para apurar como eles haviam conseguido ser incluídos na lista de imunização.
O presidente Lenín Moreno - que se encontra no momento em Washington, nos EUA -, defendeu seu ministro, conforme a secretária de comunicação do governo, Caridad Vela.
"Todos queremos uma vacina para nossos entes queridos, e o que o Equador tem que entender é que todos vamos ter acesso a ela, mas alguns têm de ser vacinados primeiro, sem relação de preferência", afirmou.
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