Câmara envia ata de impeachment

Os deputados democratas apresentaram ao Senado, na noite de ontem, a acusação contra Donald Trump, na abertura formal do segundo julgamento político contra o ex-presidente dos Estados Unidos. O magnata republicano é acusado de “incitar a insurgência” durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro último, quando cinco pessoas morreram. A acusação de impeachment diz que, nos meses anteriores, Trump “repetidamente emitiu declarações falsas de que os resultados da eleição presidencial foram produto de fraude generalizada e não deveriam ser aceitos pelo povo americano ou certificados por autoridades estaduais ou federais”. O texto acrescenta que, em 6 de janeiro, Trump fez declarações “que, no contexto, encorajaram e previsivelmente resultaram em ações ilegais no Capitólio”. “Nunca terão nosso país de volta sendo fracos”, disse o então presidente aos manifestantes pouco antes do ataque ao Capitólio. “Têm que mostrar força.”
A acusação também se coloca no contexto dos “esforços anteriores de Trump para subverter e obstruir” a vitória de Joe Biden. Cita, ainda, uma ameaça que Trump fez ao secretário de Estado da Geórgia em uma chamada telefônica de 2 de janeiro, em que pedia que “encontrasse” votos suficientes para anular o resultado das eleições no estado, onde o democrata venceu. “Com tudo isso, o presidente Trump pôs em sério risco a segurança dos Estados Unidos e de suas instituições de governo”, indica. “Ele ameaçou a integridade do sistema democrático, interferiu na transição pacífica de poder e colocou em risco um ramo coigual do governo. (...) Assim, ele traiu sua confiança como presidente”, prejudicando o país.
O processo contra Trump no Senado terá início na semana de de fevereiro. Democratas e republicanos concordaram em adiar o início para dar a Trump mais tempo para preparar a defesa e a Biden uma chance de o Senado confirmar os membros do seu gabinete. Em 13 de janeiro, quando a Câmara aceitou acusação de “incitamento à insurreição”, Trump se tornou o primeiro pesidente dos EUA a enfrentar impeachment em duas ocasiões.
Em dezembro de 2019, ele foi indiciado por “abuso de poder” e “obstrução ao bom andamento do Congresso” por suposta pressão sobre a Ucrânia para prejudicar Biden. Mas foi absolvido em 5 de fevereiro de 2020 pelo Senado, então de maioria republicana. Analistas consideram que a condenação no Senado parece improvável, pois o magnata do mercado imobiliário ainda conta com forte apoio dentro da Câmara Alta. Dois terços do Senado são exigidos para a condenação de Trump — uma meta que parece difícil de alcançar.