A Comissão Europeia pediu, nesta segunda-feira (25), a realização de mais testes de detecção de covid-19 aos viajantes, enquanto tenta desesperadamente resolver os atrasos na entrega de vacinas, que põem em risco sua estratégia de imunização.
Autoridades da Comissão Europeia - o poder executivo da UE - pediram aos 27 Estados-membros que imponham testes de PCR antecipados a todos os viajantes, e que estes fiquem de quarentena ao chegar caso venham de áreas onde as variantes mais contagiosas do vírus estão se espalhando.
Também recomendou um regime de quarentena e testes intensificados, sempre que possível, para as pessoas em 'viagens essenciais' entre países da UE ou inclusive dentro deles em áreas de alto risco, agora classificadas como vermelho intenso pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças.
"A situação na Europa com as novas variantes nos levou a tomar decisões difíceis, mas necessárias. Precisamos nos manter seguros e desencorajar as viagens não essenciais", tuitou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
As recomendações acrescentaram ainda mais restrições para o espaço Schengen - que isenta o uso de passaporte, o que gera preocupações maiores de Bruxelas sobre uma iminente terceira onda da pandemia de coronavírus, agora agravada pelas variantes.
A sensação de urgência aumentou depois que o grupo farmacêutico britânico AstraZeneca anunciou, na sexta-feira passada, que não poderá cumprir com seus compromissos de entregar suas vacinas para a covid-19.
Esse anúncio aconteceu uma semana depois de o grupo americano Pfizer dizer que suas vacinas, desenvolvidas com o sócio alemão BioNTech e produzidas em uma fábrica na Bélgica, também atrasariam.
Este contexto poderia arruinar o plano anunciado por Von der Leyen há apenas uma semana, de vacinar 70% dos adultos na UE até o final de agosto.
Cumprir os contratos
Von der Leyen conversou com o presidente executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, na manhã desta segunda-feira, enquanto os Estados da UE pressionavam para obter respostas e uma solução rápida para a situação.
A AstraZeneca culpou o atraso das doses na "redução da produção" em sua rede de mantimentos europeia.
A Comissão Europeia não deu mais detalhes sobre os supostos recursos existentes no contrato com a empresa, mas um porta-voz declarou que "a Comissão espera que as obrigações contratuais sejam cumpridas. Isso é crucial para a segurança de nossos cidadãos".
Sobre as restrições de viagem propostas pela UE, o Comissário Europeu da Justiça, Didier Reynders, destacou que os Estados-membros mantêm a responsabilidade em assuntos de saúde e viagens dentro de seus territórios.
No entanto, acrescentou que as variantes da covid-19 com alta contagiosidade, que vêm do Reino Unido, África do Sul e Brasil, significam que "existe uma necessidade urgente de reduzir o risco de infecções relacionadas às viagens para diminuir a carga sobre os sistemas de saúde".