Ashley e Hunter Biden (ao centro) têm biografias muito diferentes, e Beau, já falecido, motivou um dos momentos emocionantes da posse do pai
Joe Biden teve quatro filhos, mas apenas dois estão vivos hoje, Hunter e Ashley. Agora que ele se tornou o 46º presidente dos Estados Unidos, os olhos de seu país e do mundo estão voltados para sua família.
O sucessor de Donald Trump, como repetem os perfis biográficos que se proliferam após sua posse, é um homem muito ligado aos filhos e que tem feito grandes esforços para ficar perto deles apesar de sua longa carreira política em Washington.
Um compromisso fruto dos trágicos golpes que o destino lhe infligiu.
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Em 1972, sua primeira esposa, Neilia, sofreu um acidente de trânsito em que morreu ela e Naomi, de 13 meses, um dos três filhos que teve com o então jovem senador Biden.
Os outros dois, Hunter e Beau, ficaram feridos, mas sobreviveram.
Depois disso, Biden fez a viagem de trem de 300 km entre Washington e a casa de sua família em Wilmington, Delaware, todas as noites, para estar com seus filhos.
Beau, um herói do Exército no Iraque e procurador-geral do Estado de Delaware, para quem muitos previam uma brilhante carreira política, morreu em 2015 aos 46 anos de um raro câncer no cérebro.
Seu falecimento foi um dos motivos que dissuadiram Biden de se candidatar à Presidência em 2016 e, neste ano, apenas um dia antes de tomar posse em seu novo cargo perante o Capitólio, ele se emocionou ao lembrá-lo em uma homenagem que lhe prestaram antes de Biden partir para Washington.
A imagem de um homem de uniforme militar que se prostrou junto ao túmulo de Beau, em Delaware, durante o discurso de posse de seu pai em Washington, circulou amplamente nas redes, reflexo do peso que a figura de Beau continua a ter para muitos dos seguidores de Biden.
E quanto aos dois filhos restantes?
Hunter, uma vida atribulada
O segundo filho de Biden foi alvo de polêmica em várias ocasiões, o que tornou-se um problema para a carreira política de seu pai.
O único filho vivo do primeiro casamento de Biden, Hunter se formou em História na Georgetown University. Foi na época de estudante que, como revelou anos depois, passou a consumir álcool e, ocasionalmente, drogas. Um vício com o qual ele teve que lidar desde então.
Ele também admitiu, anos depois, ter sido expulso do Exército após testar positivo para cocaína, algo que foi repetidamente usado contra Biden por Trump depois que foi confirmado que ele seria seu rival nas últimas eleições presidenciais.
Já formado, Hunter iniciou uma carreira em Washington que o levou a um cargo no Departamento de Comércio durante a Presidência do democrata Bill Clinton.
Também em Washington, ele trabalhou em firmas de consultoria e lobby onde entrou em contato com empresas estrangeiras russas e chinesas, o que com o passar do tempo despertou críticas de quem via nisso uma incompatibilidade com o papel político de seu pai, que em 2008 ingressou na chapa eleitoral de Barack Obama para se tornar vice-presidente dos EUA.
Em 2014, ele ingressou no conselho da Burisma Holdings, a maior produtora de gás da Ucrânia.
No verão de 2019, um militar denunciou que Trump pressionou seu homólogo ucraniano a colaborar em sua tentativa de provar que Biden havia tentado, como vice-presidente, demitir de seu posto um promotor que investigava supostas irregularidades cometidas por seu filho no país europeu, embora as suspeitas de conluio com a corrupção pesassem sobre o promotor em questão.
O assunto acabou gerando o primeiro impeachment contra Trump, que foi acusado de ter usado seu cargo de presidente para prejudicar um rival político, embora o Senado, então com maioria republicana, o tenha absolvido.
As aventuras de Hunter também se tornaram uma fonte de manchetes para os tabloides, especialmente depois que se soube que ele havia começado um caso de amor com a viúva de seu irmão.
E, na campanha eleitoral de 2020, ele voltou a ser a munição com a qual os republicanos atacaram seu pai, depois de serem publicadas pelo New York Post supostas mensagens e imagens comprometedoras que teriam sido extraídas de seu computador.
Outros meios de comunicação americanos questionaram a veracidade das informações e ex-membros dos serviços de inteligência publicaram uma carta aberta na qual afirmam que o Post dava sinais de obediência a uma campanha de desinformação promovida na Rússia.
Em dezembro passado, descobriu-se que o FBI e as autoridades fiscais dos EUA estão investigando as declarações de imposto de renda de Hunter Biden.
Sobre isso, ele disse em um comunicado: "Levei esse assunto muito a sério, mas estou confiante de que uma avaliação profissional objetiva mostrará que tratei de meus negócios de maneira legal e adequada".
Ashley, uma 'mediadora' com consciência social
Por sua vez, Ashley Biden é a única filha que o novo presidente teve com sua segunda esposa, Jill, uma professora com quem se casou em 1977.
Nascida em 1981, ela se autodenominou em suas declarações públicas uma pessoa consciente da importância da justiça social e da defesa do meio ambiente.
Em uma entrevista ao Delaware Today em 2018, ela disse: "Eu sempre fui uma mediadora e não suportaria ver algumas garotas sendo provocadas ou intimidadas".
Ele também lembrou que aos 8 ou 9 anos convenceu seu pai da necessidade de proteger os golfinhos que ficavam presos nas redes de pesca de atum, o que levou Biden a fazer uma lei para a proteção desses animais em 1990.
Ashley estudou Antropologia e Serviço Social e acabou trabalhando para o Serviço de Proteção à Criança de Delaware.
Em 2012, ela se tornou a diretora-executiva do Centro para Justiça de Delaware, uma ONG local, da qual foi demitida em 2019.
Casada com o médico otorrinolaringologista e cirurgião plástico Howard David Kerin, Ashley também desenvolveu projetos empresariais no mundo da moda. Em 2017, ele lançou a Livelihood", uma empresa "com uma consciência ética e social".
Junto com seu irmão Hunter, Ashley transmitiu uma mensagem gravada de apoio à candidatura de seu pai na última convenção do Partido Democrata. "Vai ser difícil, ele vai se importar com as pessoas e terá princípios", previu.
Ashley descartou a possibilidade de ocupar um cargo na Casa Branca, mas anunciou sua intenção de alavancar sua posição como filha do presidente para promover a defesa da justiça social, saúde mental e desenvolvimento local.
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